quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

FELICE CAPO D'ANNO

31 de dezembro de 2009. Último dia do ano afinal. Que sensação mais estranha, parece que o meu ano não vai terminar hoje. Será que é pelo frio lá fora? Ou por não estar na praia como todas minhas outras viradas? Também pode ser por estar em uma véspera de Ano Novo no meio das aulas; sim, como sabem estou de “férias” da faculdade. Tudo isso é muito diferente da realidade que tenho no Brasil, e para mim está tendo uma importância diferente, e mais valiosa que todos os outros anos. Isso pelo contexto. Estar colocando em prática um sonho, poder estar amadurecendo, crescendo, etc.
Vale um parênteses do meu Natal. Bom, nossa ceia foi aqui em casa, muita animada e divertida. Amigos italianos passaram para dar “tanti auguri”, e até as 9:30 da manhã do dia seguinte permanecemos acordados. Finalizando com uma roda de chimarrão com direito a muita conversa sobre política, Brasil e arquitetura. Na foto todo pessoal que participou da ceia.
Agora você deve estar se perguntando de onde estou escrevendo. Se já estou em Londres como havia programado para virada, ou se por acaso meio às confusões de trens e aviões na Europa, não estou em outra cidade. Pois bem, nenhuma dessas opções. Estou em casa, na Itália. Sozinho. Isso porque no dia 25 de dezembro, com todo aquele clima depressivo e triste por estar longe da família, parei pra refletir e tomar a decisão de ficar por aqui. Alguma coisa me dizia, me pedia, para não ir viajar e permanecer em casa sozinho. Afinal a ansiedade por 2010 é grande, os planos são vários, e as expectativas maiores ainda. Como sempre a virada do ano para mim é o momento de mentalizar tudo aquilo que deseja para o próximo ano, e procurar fazer o mais diferente possível nas coisas que se falhou no ano que se encerra. Pois bem, não seria agindo no impulso, viajando “só” porque já estava com as passagens compradas, e no final fazendo tudo aquilo que de costume sempre faço. Que é agir no impulso sem pensar muito. Com certeza não é isso que quero para meu 2010. Então decidi ficar.
Desde quando cheguei aqui, essa é a primeira vez que tenho um tempo apenas para mim. Que fico sozinho e que posso fazer coisas simplesmente apenas para mim. Pensar, refletir, esclarecer e listar as metas para o próximo ano. Eu comigo mesmo. Bom, até agora a idéia foi ótima e estou muito contente pelas conclusões que estou tirando de mim mesmo. Já que é aquela coisa de sempre, não adianta ficar falando por aí aos quatro ventos certas coisas. Quem gosta de você não precisa saber, e quem “não gosta” não vai dar credibilidade. Além de que ações falam mais que palavras. Para 2010 mais atitude, mais empenho do que possa ter dado em 2009, tudo isso em busca de uma única coisa, sucesso.
Há uma semana atrás, escrevia aqui sobre a véspera do natal e de como estava triste. Mas hoje, após acreditando ter feito a escolha certa, estou muito mais contente e satisfeito pelo momento. Sozinho não estarei nessa virada. Vou comemorar com meus amigos italianos, “a la italiana”. Risos. Uma vez que aqui na Europa é muito diferente a relação com essas festas de final de ano. Primeiro porque não é a época de férias. Como nós, eles programam suas férias para o verão, de julho a setembro. Segundo, porque os estudantes aqui estão meio à aulas e exames. E terceiro porque é frio, muito frio. Então não pense que aqui existem todos os rituais que se fazem no Brasil, como pular as 7 ondas ou comer uva do lugar mais alto que puder. É uma coisa mais simples, fria como o inverno. Mas que não está sendo nenhum pouco chata, pelo contrário é uma experiência nova. Hoje vamos reunir os amigos, fazer uma ceia e na virada brindar o ano que se inicia. Festa? Sim, tem várias. Mas também não é nada muito diferente das demais festas que aqui ocorrem todo final de semana. Enfim, imagine nossa relação com a páscoa. É a mesma relação deles com Natal e Ano Novo. Um pouco diferente nas cidades mais turísticas como Londres, Paris e Barcelona. E aqui, quando falo que nosso Ano Novo é na praia, soa engraçado. Estranho, porque passar o Natal e Ano Novo meio a neve e frio pra mim era um sonho. Risos. Tudo bem se eles não tem o sonho de passar essas datas no calor e pegando um bronze nas belas praias do nosso país. Ok.
É isso aí, esse é meu último post de 2009. Um ano que foi maravilhoso, e como todos os outros passou muito rápido. 2010 promete muita coisa, basta acreditar e correr atrás. Estou ansioso por isso. A todos vocês um feliz Ano Novo, com muito amor, saúde, sucesso, metas, objetivos e conquistas. E tudo aquilo que não conquistaram em 2009 dêem mais dedicação esse ano para que quando atingido seja comemorado com muita vontade.
É isso aí, estou muito feliz por tudo e pelo ano que se inicia. Não tem nem como ficar triste pela distância de todos vocês, já que faltam apenas 40 dias para meu retorno.

Beijos e Abraços, até 2010.

Saudades

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Felice Natale - AUGURI!

É Natal. Mais uma vez o ano está acabando, e como sempre, voou. Aí você lembra da música da “Simone”, do refrão “e o que você fez?”, e assim vai. Refletiu? Afinal, o que você fez? Assim que funciona.
Bom, este ano não está um Natal muito feliz não. Estou pela primeira vez na minha vida passando essa data longe de minha família. O que para mim está sendo um pouco difícil e me faz escrever este texto em partes para que não comece a chorar, ou simplesmente pare de chorar. Graças a Deus aprendi com meus pais que o Natal além de uma data comercial é o dia onde revemos e analisamos tudo que fizemos durante o ano. O Natal é o Natal. Existe um significado por trás disso, um valor, uma importância. Não é o presente material que você vai ganhar que importa, e sim ver toda família reunida feliz, festejando e dividindo alegrias e conquistas alcançadas no ano que se encerra. É o momento de refletir sobre a vida, pedir para os que precisam, coisas boas como saúde, esperança, força de vontade, e alegria. Enfim, o Natal é um momento de reflexão que sempre mexeu com minha família. E hoje estar longe dela pela primeira vez, está sendo um pouco difícil.
Não vou ser egoísta – comigo ou com eles – ao ponto de passar essa data triste e não comemorar. Seria burrice. Apenas queria o abraço e beijo na virada e como sempre, me sentir privilegiado por ter tudo o que tenho. Tudo, não me refiro a coisas materiais, mas sim a muitas outras coisas que aprendi a dar valor. Não posso ser egoísta realmente, ainda mais nesse período da minha vida onde estou realizando um sonho que por anos almejei. Para estar nele sempre soube que alguns momentos, e algumas coisas eu teria que abrir mão. E uma delas foi passar os aniversários e final de ano longe da minha família. Como “eu” mesmo diria, “esse é um final de ano perto de tantos outros que virão pela frente”. Então relaxa. Risos.
Ao mesmo tempo que o Natal vai ser mais sentimental do que devia, é neste que estou tendo a chance de agradecer por um sonho realizado, e é neste que estou tendo a chance de agradecer por estar crescendo e amadurecendo. Antes tarde do que nunca. Risos.
Há uma semana atrás fui presenteado com neve. Não a neve que vemos na serra gaúcha, formada por pequenos flocos, e que dura minutos. Mas sim uma neve que dura horas, e além disso vem em grande quantidade, acumulando alguns centímetros no jardim da sua casa, e deixando toda cidade branca. Lindo demais. Essa neve parou há dois dias, o que para nós foi ótimo, já que após desejar tanto vê-la presenciei a maior nevasca na Europa da história. Risos. Agora acredito que estamos livres de perda ou atrasos nos vôos e trens nas viagens que se aproximam.
Foi a primeira vez que montei um boneco de neve. E claro, não sabia que era tão difícil fazer um. O próximo vou criar toda uma estrutura por baixo, pois acredito que vá ficar mais fácil para erguê-lo. Não posso deixar de comentar que enquanto criávamos o “Giuseppe”, a Dona Alberta, (senhora muito “simpática” que virá nos atormentar hoje na ceia de Natal, pedindo que façamos silêncio), entrava no jardim e teve a cara de pau de dizer que ao invés de estarmos criando o boneco de neve – nosso primeiro boneco de neve – devíamos estar limpando a passagem de pessoas, para facilitar sua entrada. Coragem. Graças a isso já decidimos que no próximo boneco de neve, a cenoura ficará em outro lugar em homenagem a ela. Fica dica.
Enfim, é isso aí. Mais um ano se encerra, mais uma vez eu penso como a vida está passando rápido, e mais uma vez eu penso em ir cada vez mais – rápido – atrás dos meus sonhos e objetivos. O ano foi incrível, superou minhas expectativas e me surpreendeu em muita coisa. No Natal do ano passado eu nem sabia que estaria aqui hoje. Estou pensando o que eu não sei hoje e que no próximo Natal pode vir a me surpreender. Ansioso.
Um feliz Natal a todos vocês. Muita saúde, paz, alegria, amor, respeito, paciência e tolerância. Um 2010 com muita força de vontade, objetivos, metas, conquistas e vitórias e muito sucesso.
Um beijo grande, nos vemos em 2010. (Quando eu voltar de mais algumas viagens – pronto falei).

Saudades
foto - Luis, Ricardo, Sr. Luigi - dono dos apartamentos onde estamos, João, Ana e eu. Giuseppe na frente :P

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Um feriadão que marcou minha vida!

Oi, estou aqui ainda. Estava me dedicando um pouco à faculdade e esperando refrescar a cabeça após a minha última viagem. Não sabia exatamente por onde começar. Foi muita informação, muita emoção, estava eufórico. Agora estou mais “calmo” e consigo lhes transmitir tudo que vivenciei, de maneira clara e objetiva. Risos. Antes, vale lembrar que tenho somente mais uma semana de aula, retornando de férias dia 10 de janeiro. Por isso, estamos finalizando etapas de trabalhos e os entregando na próxima semana.
Então, minha última viagem foi no feriadão que tivemos aqui na Itália, do dia 4 a 8 de dezembro. Fomos para Pisa, Florença e Roma. E até agora me pergunto se realmente estive lá, ou se era um sonho.
Primeiro passamos por Pisa. Maldita aquela torre, eu achava que era mais fácil tirar fotos a empurrando, ou chutando, ou fazendo sei lá o que. Risos. O que importa é que conseguimos produzir uma série bem engraçada de fotos, o menos “clichê” possível. A cidade de Pisa em si me surpreendeu. Todo mundo fala que o interessante lá é a torre e pronto. Ok, é fato. Mas Pisa é realmente uma cidade muito aconchegante e bonita. Esperava bem menos.
Após passar meio dia em Pisa, o que foi suficiente, fomos em direção a Florença. E já na chegada fomos surpreendidos pela beleza espetacular da cidade. Não sabíamos se caminhávamos ou ficávamos admirando o local. Então decididos a já começar a conhecê-la. Largamos nossas coisas no albergue e fizemos nosso primeiro passeio noturno. Demais. Aqui vale um parênteses sobre o albergue que ficamos. Pra começar não o encontrávamos na tal rua que o site fornecia. E quando resolvemos ligar, nos falaram que estávamos na rua certa. Mas o estranho é que a rua era escura, estreita, (ok,”estreita” não é parâmetro pra nada em Florença, e nem qualifica ou desqualifica qualquer prédio. Risos), e não havia nenhum letreiro digital com nome do albergue. Pedi demais também. Enfim, o albergue se resumia a um apartamento antigo, bem apresentável até, com uns 3 ou 4 dormitórios, onde em um destes, os donos permaneciam. Assim sendo, parecia que estávamos na casa de alguém. Alguém que não utiliza microondas, nem precisa de muito espaço para tomar banho, já que o Box do banheiro devia ter uns 60 por 60cm. Mas o que mais nos impressionou foi a ausência do microondas. Ainda mais após chegarmos com 5 pizzas para cozinhar. Risos. Pizza feita na frigideira, nova tendência.
Bom, após passearmos a noite, voltamos e dormimos como pedra. E acordamos como operários é claro, super cedo. Tempo é dinheiro. Ou, acordar cedo é dinheiro. Melhor que isso, acordar cedo é chegar antes dos japas nos pontos turísticos. Risos. A cidade é espetacular, a cada canto existe algo para ser explorado e conhecido. Aprendizado a cada 5 passos. Ainda mais quando se têm ótimos professores ao nosso lado, para chamar a Duomo de biblioteca, ou uma igreja Renascentista de Barroca. Risos. Nem vem ao caso detalhar todo passeio, pois seriam horas e horas de falatório. E mesmo o primeiro dia sendo com chuva, aproveitamos muito e também cansamos muito. Já no dia seguinte, sol, muito sol. Não poderia ser melhor que isso, ainda mais para subir até a “Piazzale Michelangelo”. Uma praça situada no alto de Florença, de onde você enxerga toda cidade. Encantador. Encantador mesmo é subir até lá, e concluir que nosso preparo físico não está mais tão bom assim. Risos. O que importa é que a vista é espetacular, fiz até uma foto panorâmica para terem uma idéia, (foto). A noite deste mesmo dia fomos para Roma. Que nervoso, que ansiedade. E já ao chegar, um susto. Estamos em Roma. Risos. Carros buzinando, quase passando um por cima do outro, pessoas gritando, sujeira, uma confusão. Que bagunça, que função. Por favor, me deixem passar. Risos. Mas é isso aí, é Roma. Já esperávamos tal característica, e acreditem, não é nada desconfortável, faz parte do pacote.
Fomos então ao nosso albergue, com uma recepcionista super engraçada, (coitada, estou tentando rir das piadas que ela fez na tentativa de interagir até agora), e finalmente com cara de albergue. Ufa. Adivinhem, dormimos como uma pedra, e de novo, acordamos como operários. Mas sempre muito animados. Ok, mentira. Eu sempre muito animado, o resto do pessoal me xingando e mandando calar a boca.
Foram 3 dias visitando a cidade. 3 dias que passaram voando, e que pra conhecer tudo, foi muito pouco. Eu queria uns 7 no mínimo. Queria sentar e ficar admirando, por horas e horas. Queria curtir a cidade sem pressa, sem correria. Tudo bem, já foi demais o tempo que ficamos, e não posso reclamar. O que mais impressiona além da grandiosidade das coisas, é a veracidade e imponência no cenário que se arma ao redor. Sim, você está caminhando pelas ruas, entre uma árvore e outra e lá no meio, surge o Coliseu. Incrível. Ou, entre ruas estreitas meio a restaurantes e lojas, surge o Pantheon, ou seria Partenon? Risos. Ou então resolve ir a missa, olha pra cidade e aquela coleção de cúpulas, e surge a dúvida: em qual igreja eu vou? Afinal, são tantas igrejas, e uma mais linda que a outra. Mas se você não quer ter dúvida mesmo, vá direto para o Vaticano e se emocione, como eu fiz. Você não vai acreditar que está lá, e melhor que isso será abençoado por uma energia incrível. Indiferente sua religião ou sua crença, o que domina lá são as energias boas. No geral, em qualquer parte que você está em Roma, você se sentirá assim. É uma cidade onde as pessoas vão em busca de renovação, espiritualidade. Vão pedir coisas boas para a vida, para o mundo, vão atrás de esperança. E isso tudo te atinge. Imagine uma cidade onde todos ao seu redor emitem uma energia positiva. No mínimo renovado você voltará. Dito e feito. Assim eu voltei.
Mas falando do Vaticano particularmente, lhes digo que não tem como não se emocionar. Ainda mais quando você está caminhando pela cidade e ao olhar a sua esquerda, se depara com ele, que segundo seu mapa era muito mais distante do que parecia. (Por sinal, é possível conhecer Roma a pé. Basta ter disposição). Estávamos todos lá, deslumbrados, mesmo cansados. Era noite já, (as 17 horas – risos), e ser recebido pela Piazza di S. Pedro iluminada foi incrível. Isso foi no primeiro dia de visita, e fora dos planos para este dia, superamos nossas expectativas. No dia seguinte, lá estávamos novamente. Com direito a entrar no museu do Vaticano, visitar a Capela Sistina, (que até agora não acredito que vi ao vivo e a cores toda pintura no teto feita por Michelangelo), e pra finalizar, entrar na Basílica. Incrível. Todos emocionados e felizes.
No dia seguinte, o último, adivinhem quem vimos. O Papa. Dia 8 de dezembro, além do aniversário da minha mãe, é o dia de Nossa Senhora da Conceição, feriado na Itália e dia em que o Papa faz uma benção da janela de seu “flat”, (risos), no Vaticano e a tarde da Praça da Espanha. Pois bem, estávamos lá no Vaticano, tirando nossas últimas fotos no local, e indo em direção a Praça da Espanha na expectativa de ver o sr. Bento. Só que não havíamos parado pra pensar que para ele ir até lá teria que sair do Vaticano. E acreditem, nos atrasamos, erramos a rua em direção ao metrô, e diga-se de passagem por sorte encontramos um vuco vuco de pessoas esperando alguma coisa acontecer. Alguém passar por ali. Esperamos, e para nossa surpresa lá adiante vinha o Papa Móvel. Sim, eu vi o Papa, e acredito ter sido abençoado por ele, a uma distância de mais ou menos 4 metros. Foi demais. Finalizando a viagem com chave de ouro.
Após esses dias maravilhosos, voltamos em uma viagem noturna de trem, e se não fosse o Ricardo e o João nos acordando na chegada, eu e as gurias teríamos seguido viagem. Risos. Isso porque as gurias nem gostam de dormir, (ok), e eu porque quase não havia dormido durante a noite. Logo, ao trocar de trem pela manhã e ficar um pouco mais confortável, apaguei de uma maneira que não importava o quanto pulava ou sacudia aquele trem, o que importava é que eu dormia desmaiado mesmo com o corpo pulando ou sacudindo no mesmo ritmo. Por sorte cheguei inteiro, com a cabeça no lugar, acima do pescoço, e sem nenhuma outra parte esquecida no vagão. Risos.
Agora estamos aqui, esperando o natal chegar. E com o natal novas viagens e um novo ano. É isso aí, o tempo voa, e cada dia que passa estou mais perto de voltar ao Brasil. Para mim, parece que foi ontem que cheguei na Europa, e não há 4 meses.

Beijos e Abraços
Saudades

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Qual o "MENU" DE HOJE?


E o cardápio de hoje é: Boa pergunta. O que você comeu hoje, ou o que você irá comer? Essa é a pergunta que eu me faço todos os dias. Por mais que eu saiba o que tem na geladeira, ou o que não tem na geladeira. Risos. A questão é: tem sido um verdadeiro aprendizado gastronômico a cada dia que passa. Sim, um aprendizado. Aprendi a fazer vários pratos com batata, frango, peru (eu “AMO” peru), carne de boi (na qual não tem nenhum aviso junto com o tipo de carne e preço dizendo que a carne é de terceira), muita pasta e ovo. Por sinal, ovo é o que mais se come aqui. Dieta do ovo, nova tendência, fica dica.
Como vocês já sabem, moro com um casal de peruanos. E o que deveria ser previsível e esperado, não acontece. Nós não comemos a mesma comida diariamente, e nem fazemos as refeições nos mesmos horários. Isso porque a gente brigou muito feio um dia, quebrando pratos e copos. Ok, é mentira. O motivo verdadeiro é que eu não aceito viver de atum e shoyo. Eles aceitam. Risos. Mas quando eu me proponho a cozinhar para todos, eles gostam, e muito. “Papai Lucas”. Risos.
Não é novidade que a comida na Europa é cara. Mas eu realmente não sabia que além de cara era de péssima qualidade. O arroz e feijão daqui passam longe dos nossos. A carne vermelha dependendo como você cozinha dá até pra mascar, fazer bolinha e explodir, tipo chiclete. O peru, que muitas vezes substituí o frango nas nossas refeições, é a carne mais sem graça do mundo. Por isso já a comemos no natal, fria, cheia de coisas, (inclusive fios de ovos – uma coisa que não tem nada a ver com carne), e acaba rendendo uma semana. Sim, todo dia após o natal, eu sei que você vai na sua geladeira, corta um pedaço do peru frio, e sai comendo na mão mesmo, pela casa. Isso quando você já não está preparando a ceia do ano novo e encontra perdido lá dentro da geladeira o pobre do peru. Enfim. A gente faz o que pode. E ri ainda por cima.
Bom, pasta. Um parágrafo destinado a essa simpatia de comida. Simpática porque quando estamos no super mercado passando pelo corredor dela, já que existem todos os tipos e formatos possíveis merecedores de um corredor próprio, elas ficam lhe dando oi, dizendo como você está magro, elogiam seu cabelo, (que você mesmo cortou ao se negar pagar 20 e poucos euros por um corte decente), e pedindo que a s levemos pra casa. Ok, você se rende à simpatia delas, e então vai tentar escolher qual vai comprar. Parafuso, pene, espaguete (...) ?? Decidiu? Ok. Quantos kg? 1, 2, 3, 4, 5 ? Sim, existe pacote de 5kg de massa. Aí você tem a infeliz idéia de comprá-lo, já que você mora com mais pessoas. E quando vai fazer, não tem nem idéia de quanto por daquele enorme pacote. E faz o dobro do que devia. E come o dobro do que devia também. Ok.
Depois de passar pelo corredor da pasta, você vai direto para o corredor dos sucos e águas. Passa correndo pelo corredor da Nutella e dos chocolates. Eles são muito carentes, se apegam fácil a você, e a tendência é você se apegar a eles também. Pois realmente são muito agradáveis e queridos. Ainda mais por um preço justo. Justo pra quem quer engordar. Ainda tem o primo salgado da Nutella. O Pringles. Esse coitado, dependente químico. E o pior é que você tenta ajudá-lo. Compra uma lata de cada tipo, e procura acabar com todos o mais rápido possível. Basta abri-lo. Esse assassinato vai te sair por centavos cada lata.
Bom, depois de você vencer essa batalha nos corredores. Você vai para o caixa. “Vogli un sacheto?” Não, obrigado, eu trouxe minha mochila. Risos. Sim, você paga pelos sacos plásticos, e a maioria das pessoas leva sua sacola ou sua mochila de casa, (super sustentável).
Aí você vai pra casa junto com os outros moradores do seu apartamento, já que não é possível fazer as compras da casa sozinho, tentando se equilibrar na sua bicicleta. Quando chove é o mais emocionante, pois o freio não funciona, e seja o que Deus quiser. Risos.
Tudo isso não passa de um divertimento. Ninguém passa fome aqui. Mas se não souber cozinhar, engorda. Fácil. E o fato de deixar de comer muita coisa do Brasil, você acaba emagrecendo também. Como foi meu caso. Ufa.
Eu já havia mencionado tempos atrás que toda semana fazemos uma janta no meu apartamento, com todos brasileiros, (ok, nem todos), os peruanos e a colombiana. É muito divertido, e cada semana um cozinha. Essa semana, pela primeira vez os peruanos cozinharam pra nós, e acreditem, nos surpreenderam. Não foi atum. Apenas utilizaram o shoyo, mas que só deixou ainda melhor a comida. E ontem, pra completar a noite, montamos nosso pinheiro de natal. Sim, o clima de amor, paz, e cinismo (todo mundo se ama e não existe mais ódio entre as pessoas), chegou aqui em Mantova também. Risos.
Brincadeiras a parte, estamos todos muito felizes por tudo, e com grande expectativa para o nosso natal, em “família”. Todos juntos na ceia lá em casa, cada um com a sua família conectada no seu computador durante a festa. Vai ser a maior ceia de natal da minha vida. Ótimo.
No mais era isso. Quinta feira vamos viajar, com direção a Pisa, Florença e Roma. Com direito a aparição do Papa, e voltinha no Papa móvel. (É feriado aqui 2ª e 3ª feira, e no dia 8 de dezembro ele sempre faz aparição em Roma, benze o povo todo, etc e tal). MUVUCA. Mas não posso deixar de presenciar isso, ainda mais tendo a oportunidade. Mandei um scrap para o tio Bento, marquei um almoço com ele. Vai nos esperar com um churrasco. Sonha Lucas. Risos.


Beijo e Abraços
Saudades

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Clima europeu

Quantas vezes você já parou o que estava fazendo ou até mesmo pensando, pra cair na real e ver que naquele exato momento você estava realizando um sonho? Pois bem, eu já passei por alguma situações parecidas. Algo do tipo “nossa, que bom que essa viagem deu certo, um sonho realizado!”, ou então “como é bom estar no final do curso, nem acredito!”. Tudo muito previsível e programado. Agora estar andando de bicicleta na rua, indo para aula, em um dia cinza, clima europeu, árvores secas, as folhas que eram amarelas no chão se decompondo, e você se tocar de que toda a situação pra você era um sonho, e que naquele momento essa vivência era rotina da sua vida, não tem preço.
Tudo bem que já não sei quantos dias que não vejo o sol. Não sei se é ele que está lá atrás das nuvens realmente, ou ironicamente uma lâmpada de 60w tentando iluminar alguma coisa na terra. Sim, porquê não pense que o inverno aqui tem alguma coisa a ver com o inverno no Brasil, especificamente no sul. Aqui a época é de chuvas, que pelo visto foram transferidas para o RS e SC, deixando o período chuvoso daqui sem chuvas. Pode ser que para alguns seja depressivo, mas para mim é charmoso. É somar todo estilo “Europa” de se viver, com o clima, com a vegetação, com as roupas que as pessoas vestem, e achar que tudo isso não passa de um filme nessa temática, como exemplo “O Amor Não Tira Férias”. Ótimo.
Entrando nesse clima nostálgico de “opa, estou na Europa”, nada melhor que ir a Veneza. A cidade mais charmosa e romântica que visitei na Itália até o momento. Por mais que eu tenha ido de vela do casal de amigos peruanos que vivem comigo. Risos.
Um dia nublado, frio, acordando as 4:45 da manhã para poder pegar o primeiro trem e aproveitar bem o dia, uma mochila nas costas com algum lanche, e a expectativa de conhecer a cidade que afunda a cada seqüência de chuvas que ocorrem. Foi sem dúvidas um ótimo dia. A companhia dos peruanos foi muito boa, as caminhadas pela cidade foram incríveis, e pra completar, o passeio de gôndola foi indescritível. Ser vela durante o passeio então, sem comentários. E a gôndola, que é um balança mas não cai, bá! Falta equilíbrio psicológico. Risos.
A cidade como todos já sabem é cara. Fico pensando quem se hospeda nos hotéis frente a canais maravilhosos. Fico pensando em quem se hospeda em qualquer hotel lá na verdade. Também não posso deixar de comentar do mau cheiro que por incrível que pareça não existe, da quantidade de “souvenirs” espalhados por lá, na beleza das tantas máscaras expostas nas vitrines,e do vuco vuco que é aquilo de tanto turista. Mesmo assim, não tem como não se apaixonar por Veneza. É demais, é única. Vale conferir alguns vídeos feitos pelo Luis, (o peruano que mora comigo), postados no YouTube. No mínimo engraçados. http://www.youtube.com/watch?v=uthKftrWRgQ, http://www.youtube.com/watch?v=91Hu4HgWQ6E, http://www.youtube.com/watch?v=nZFCLR1AwQI.
Falando em tempo nublado, frio, chuva, quero dividir com vocês como temos secado nossas roupas. Fácil e prático, o segredo é o aquecimento central do apartamento. Decoração pra que se você tem roupas úmidas para espalhar pelo ap, estendidos nos aquecedores? Risos. Tomou banho? Estende a toalha no aquecedor. Secou a louça? Estende a toalha no aquecedor. E assim vai. Em horas, tudo seco.
Bom, e as aulas como andam? Andam. Risos. Prefiro não comentar sobre a minha professora de restauro com labirintite. Ninguém me confirmou ainda que ela tem esse problema, mas também nem precisa. O que importa é que estamos fazendo um trabalho bacana, projeto de restauro de um mosteiro. E na aula de projeto vai tudo bem também. Estou aprendendo a utilizar materiais e técnicas construtivas de outra maneira. Super válido.
Enfim, o crescimento não pára. A satisfação e prazer em estar aqui então, só crescem. Momento único e sei que inesquecível. A cada dia gosto mais e mais. Será que volto futuramente? Antes isso tinha uma resposta concreta na minha cabeça. Hoje eu já não sei. Aqui também aprendi mais ainda a esperar. Esperar acontecer.

Beijos e abraços
Saudades


terça-feira, 17 de novembro de 2009

LONDRES

Não poderia deixar de falar como foi minha espetacular e um tanto quanto angustiante viagem para Londres. Bom, vou contando daqui e vocês vão lendo daí minhas peripécias no final de semana, que no momento não foram nenhum pouco engraçadas, mas agora me fazem rir. Também vale lembrar que com o que contarei, aprendi muita coisa para minha próxima ida à cidade, para não cair em tantas furadas. Risos. Isso ocorrerá no dia 29 de dezembro.
Partindo do inicio. Não do inicio da viagem, mas lá quando comprei a passagem. Isso mesmo. Após ter comprado, feito check-in pela Internet, verifiquei onde ficava o aeroporto, e como eu deveria fazer para ir até ele. Fácil. Pegava um trem aqui em Mantova, ia até Verona, cidade aqui ao lado, (+- 40 minutos de trem), e na estação de trem da cidade, pegava um ônibus até o aeroporto. Este, saia de 20 em 20 minutos de lá.
Ok, fácil. MENTIRA. Foi desesperador. Pois o bonito aqui saiu na 5ª feira, super programado, já que estou tentando mudar minha mania de ser super adiantado nos meus horários e muitas vezes ter que ficar esperando. E pior que isso ficar irritado por ter que esperar. Enfim. Peguei o trem, sentei bem comportado no vagão, e fui super tranqüilo pensando: “nossa como eu sou demais, agora me programo melhor. Vou chegar uma hora antes de entrar no portão de embarque, (no caso chegar na estação de trem), apanharei o ônibus e vou chegar apenas meia hora antes”. Ridículo. Maldita idéia. Ok.
Então, cheguei em Verona. E tudo começou. “Com licença senhor, sabe onde pego o ônibus para o aeroporto? - Não tem mais ônibus hoje”. UM MINUTO DE SILÊNCIO PARA O SENHOR. Alguém pode me explicar porque no site dizia que de 20 em 20 minutos eles partiam de lá? Não respondam!
Fui então com minha cara de “estou entrando num processo de estresse” em direção ao balcão de informações, e lá a atendente muito simpática (??), me confirmou que não havia mais ônibus naquele dia para o aeroporto. E de táxi seria uns 80 Euros. A tentativa de não perder o vôo foi pegar um trem até outra cidade, (mais 40 minutos), e lá na estação de trem da cidade pegaria um táxi, que me sairia mais barato. Foi o que fiz. Cheguei exatos 20 minutos antes do embarque. Entrei no táxi e disse ao motorista que fosse voando para lá. Pois bem, cheguei em 20 minutos, na entrada do aeroporto que dava de frente a sala de embarque. E fui o último a entrar. Risos.
Após suar um pouco, passar por todo esse estresse, fui finalmente de ônibus, ou de van, ou de combi, ou de sei lá o que para Londres. Sim, porque aquilo não era um avião. Me desculpem aos que já devem ter realizado seu sonho “em voar”, em um tipo de avião desses. Mas ninguém merece se sentir uma roupa dentro da máquina de lavar roupas, durante duas horas. Cheguei em Londres e tive uma sensação de felicidade enorme ao aterrissar. Risos. Chovia muito. Por sinal se eu tivesse ido lá para tomar banho de chuva, teria atingido meu objetivo. Pena que não foi esse.
Mesmo assim a cidade me conquistou. É simplesmente espetacular. Arquitetura de qualidade, gente louca por todos os cantos, movimento, muito movimento, e muita coisa legal para conhecer. Eu sinceramente adoraria morar lá. Acho que foi a cidade que eu mais gostei até hoje. Incrível.
Durante os dias fiz os passeios pela cidade, tomei banho de chuva, molhei meu livro (guia viajante europeu), passeei mais um pouco, mais chuva, mais passeio, mais e mais e mais chuva. O legal da chuva é que ela não trabalha sozinha em Londres. Ela vem em grupo. É um trabalho unido e com muita vontade de te vencer. Primeiro vem a chuva, com raiva de você. Ela quer te afogar se for possível. Depois vem o vento, pra destruir teu guarda chuva. Pelo menos depois de perder seu guarda chuva, vem o sol né. Já que o vento leva embora as nuvens. Maaaaaas, ao mesmo tempo que ele leva embora algumas nuvens, cinco minutos depois ele já traz uma família enorme de nuvens gordas e escuras, que nessa vez se juntam ao vento, e aí meu amigo, te fu! Corre, mas corre mesmo, ou se aceite como um saco de lixo ambulante e vista aquelas capas plásticas da cabeça aos pés. E tenha é claro, todas suas fotos em Londres, vestido assim. Risos.
Na verdade, essa questão do tempo não é uma coisa que irrita. Pois todo mundo sabe que faz parte do clima da cidade. Então já vamos preparados. Ok, não vamos tãããão preparados assim. Mas dá para aproveitar muito a cidade. Muito mesmo. Tanto que pra mim foi perfeito. Inclusive tive o prazer de ver MOBY novamente, (fiz um video até http://www.youtube.com/watch?v=hY29rPBUYqo). E eu que achava que não veria o show dele de novo tão cedo.
Enfim. Depois de curtir Londres, voltar pra casa sem todo estresse que passei pra ir, foi sem dúvidas a coisa que mais me deixou na expectativa. Risos. Sendo assim, tudo que a gente pensa demais, a gente atrai. E pra completar meu final de semana, meu vôo atrasou uns minutos, chegando atrasado na estação de trem de Verona, e perdendo o trem. Olha que legal. Cheguei em casa apenas duas horas depois do previsto. Super. (???)
É isso aí. O final de semana entrou pra história. Conhecer Londres, boa parte de seus pontos turísticos, a arquitetura, tirar foto com a louca da Amy Winehouse, pegando no peitinho da rainha (que por sinal é bem firmezinho), ou até mesmo com o tio Albert (Eistein) de cera, foi DEMAIS.
Agora estou aqui novamente curtindo essa “metrópole” que é Mantova, e já pensando nos meus próximos destinos. E também, estudando um pouco. Risos.

Beijos e Abraços

Saudades de todos

terça-feira, 10 de novembro de 2009

50%


Hoje faltam exatamente três meses para meu retorno ao Brasil. Sim, já estou na metade da viagem, e lembro como se fosse ontem minha chegada aqui. Minha primeira publicação para o blog, meus primeiros passeios, lembro como se fosse ontem, minha festa de despedida.
Não tem como negar que o tempo está voando e que a cada dia que passa eu fico mais acostumado à rotina que tenho aqui. Por exemplo, estou aqui escrevendo, ouvindo minhas músicas, pensando no que tenho pra fazer amanhã, nos trabalhos da faculdade, no final de semana que está por chegar, e assim vai. Incrível. Tem sido uma nova vida, novas rotinas, mesmo que por pouco tempo. Isso eu acho que tem me dado mais vontade em vivenciá-las, o pouco tempo que me resta.
Semana passada, que pra mim parece que foi hoje a tarde, fomos para Milão, apenas com um objetivo: ir à partida de futebol entre Real Madri e Milan. Tudo bem que demoramos para comprar e que ficamos praticamente na caixa d’água do estádio e quase precisamos de um binóculo, mas valeu muito a pena. O jogo não poderia ter sido diferente, foi um espetáculo. E fiquei realmente surpreso com as pessoas dentro do estádio. Achei que veria bagunça, brigas, sujeira. Mas foi tudo ao contrário. Lembrando que estávamos na parte ralé do estádio. Risos.
Semana passada também foi minha primeira apresentação de trabalhos. Na aula de italiano. O trabalho consistia em apresentarmos nosso país para o restante da turma. Foi tudo tranqüilo, e com muito prazer falei do meu Estado. Já, nessa semana, entreguei com meu grupo de projeto, a primeira parte do trabalho. Está tudo caminhando bem. E quase me esqueci de comentar, já comecei a falar italiano. Risos. Pouco, bem pouco, mas consigo me virar sozinho já.
Bom, pegando esses três meses que já se passaram, eu sou obrigado a fazer uma análise sobre minha pessoa, sobre o que eu modifiquei, sobre o que aprendi, entre outras coisas. Acreditem, continuo igual. Porém, mais maduro, eu acho. Estou feliz por perder horas pensando em como vou fazer para crescer profissionalmente quando voltar, ou como será morar em um apartamento com meu dálmata. Sim, eu quero e vou morar em um apartamento com meu dálmata. Ele vai curtir, certamente. Por falar no Baltazar, tenho conversado com ele pela web cam, e ele vai muito bem obrigado. Com muita saudade pelo que notei. Risos.
Continuando a análise. Não modifiquei meu jeito de ser, muito menos vou deixar de fazer festas por exemplo, porque estou super maduro e quero saber só de trabalhar e estudar. Fica dica pai e mãe. Risos. Até porque aqui qualquer motivo é motivo pra festa. Continuo feliz, e tive a sorte de encontrar pessoas ótimas aqui, que na mesma busca que eu acabaram encontrando um grupo de amigos muito especial do qual faço parte. Fazemos parte. Agora, dos vários roteiros que eu faria sozinho, ou eles fariam sozinhos, muitos serão todos juntos.
Não posso deixar de comentar que os italianos tem sido muito receptivos com a gente. O meu grupo de projeto é um exemplo. Conhecem os jogadores de futebol, as praias, as cidades, as comidas do Brasil até melhor que eu. Quero ver se motivo eles a irem me visitar, seria legal.
Bom, outra coisa que aprendi foi utilizar meias e cuecas brancas na seqüência, e depois meias e cuecas coloridas. Isso porque facilita na hora de lavar roupa. Aprendi também que quando você finge que não vê as traças no apartamento que você está, você também não encontra furos nas suas roupas. Aprendi que se lavar as camisetas e já deixar no varal secando no próprio cabide, elas já ficam mais fáceis para passar. E que lavar as panelas logo depois de usá-las é muito mais fácil pra remover a sujeira. Vida de Maria. Que nada, vida independente, prática e organizada.
Nesses meses que estou aqui, a maldita saudade tem sido um dos melhores sentimentos que eu tenho sentido. A ansiedade por voltar, como muitos falam que eu tenho, não é porque estou morrendo de saudade, ou porque não estou curtindo aqui como deveria, e sim porque a vontade de dividir todas as vivências e experiências, com meus melhores amigos e familiares é imensa. Pense você também, tem como não aproveitar viajando pra tudo que é canto, conhecendo gente nova a cada dia, fazendo o que gosto, agora também indo à academia, isso tudo somado à aulas e trabalhos?Risos. É, tem gente que não curte. Eu estou achando a melhor experiência da minha vida.
Enfim, esses três meses tem me tornado cada dia mais seguro de mim, do que eu devo ou não falar, de como falar, com quem falar, e assim por diante. Tenho me tornado mais paciente, graças a Deus. E já deixei de lado um pouco a ânsia por ter que deixar tudo sempre limpo e organizado, o que é uma pena, já que não tem quem vença a poeira da Itália. Um minuto de silêncio pra poeira da Itália. Ok. Sério, eu não vim aqui como escravo pra ficar varrendo ou passando pano no apartamento 24 horas por dia. A gente limpa a casa, e no dia seguinte, sem explicação, ela está suja de novo. Eu digo ok. Risos.
Nisso tudo também, pequenas coisas no Brasil passaram a ter muito mais valor agora. Como ficar em casa olhando televisão na sala, e meus pais lá no quarto deles. Tudo bem que eles estão lá e eu na sala. O que importa realmente é ter eles por perto.
É muito importante pra mim agora também ir no cinema. Quem me conhece sabe que eu gosto só um pouco de cinema, e todo ritual que se fazia de parar na fila, ficar conversando na fila, comprar os tickets, o refrigerante, a pipoca, parar em mais uma fila pra entrar na sala do cinema, ficar conversando, entrar, sentar, trocar de lugar, sentar, trocar de novo, sentar, conversar, falar mal de alguém, conversar, falar mal de alguém, olhar os trailers, conversar, marcar o próximo cinema, conversar, olhar o filme e conversar, e comer pipoca, e tomar refrigerante, e claro, conversar. Depois, sair do cinema, comer um xis talvez, dentro do carro, depois largar as caronas em casa, chegar em casa, olhar fantástico, falar no MSN, e assim vai. Que saudade disso. Serão semanas e semanas pra matá-la.
Enfim, valores super valorizados. Crescendo dia após dia. Então após ter feito uma ótima avaliação desses meses aqui, vou me dar um presente. Final de semana em Londres, com direito a festas e ótimos passeios. ANSIEDADE. Começo agora a viajar novamente, e praticamente todos meus finais de semana até minha chegada ao Brasil, serão ocupados por maravilhosos destinos.
É isso aí, saudades imensas de todos, de tudo. Beijos e abraços do felizão aqui!


terça-feira, 27 de outubro de 2009

Final de semana no Vale d'Aosta

Mais dias vão passando, mais coisas vou aprendendo, mais experiências vivendo, e muito mais coisas vou escrevendo. Incrível como em certos momentos nos sentimentos tão pequenos, tão medíocres e egoístas em relação ao mundo. Isso eu falo baseado no final de semana espetacular que vivenciei neste último.
Pois é, organizei com mais três amigas, brasileiras, (Belly, Tati e Leti – Muito queridas. Do Espírito Santo, que tem nos presentedo com suas ótimas companhias nas rodas de chimarrão que fazemos aqui), uma viagem de carro para o noroeste da Itália. Em direção ao “Mont Blanc”. Sabe né? Canetas Mont Blanc, coisa e tal. Pois é. Então, um final de semana que iria superar minhas expectativas começou. Traçamos um roteiro passando por Turim, Aosta, Arpy, e outras cidadezinhas na própria região do Vale d’Aosta.
Realmente foi perfeito. Primeiro que desde o Brasil eu não dirigia, e que saudade de dirigir. Foram 900 kilometros ida e volta. Deu pra matá-la. Sem dizer que nas estradas daqui andamos a uma velocidade média de 160km/h, e sim, o carro agüenta. É muito interessante também a questão dos pedágios. Você sai da sua cidade, entra na auto-estrada, retira um ticket, como se estivesse entrando num estacionamento. E aí, te joga na estrada, corre, mas corre mesmo, por que afinal antes de entrar na cidade de destino você pagará o pedágio, e acreditem, é por tempo que você fica nela. Bom, isso é o que me falaram, se é verdade ou não, é outra história, o que importa é que eu corri com muito prazer. Risos.
Nessa história toda, ainda dei uma rateada. A primeira dentre todas do final de semana. Lá adiante você enxergava o pedágio, ok. Em cima de um dos guichês dizia “telepass”, e nos outros todos dizia alguma coisa que agora não lembro, afinal não foi o que me marcou. Bom, adivinhem em qual o Lucas foi. TELEPASS. Que é a mesma coisa que aí no Brasil, você passa direto, desde que você tenha o cartão e pague por isso. E lá ficamos nós tentando entender o que estava acontecendo que eu não conseguia passar. O melhor ainda foi ver eu dando ré, e os carros abrindo caminho pra passarmos, depois de descobrir que fomos no único guichê que não podíamos ir. Vale lembrar também como foi engraçado pra abastecer o carro. Que mania louca de “self service” que esses europeus têm. Desculpa por não ter feito um curso preparatório antes de vir pra cá de “como se auto servir em qualquer coisa que você queira fazer da sua vida”, “apresentação prática em slides de power point, mostrando como você abastece, compra um ticket de metrô, compra seu jornal, sua revista, pega seu carrinho de compras no super mercado, paga seu pedágio se por acaso não prestar atenção e cair no guichê self service, e isso tudo sempre podendo dar dinheiro a mais e recebendo seu troco da maquininha mais inteligente que você.” O fato é que nos quebramos pra descobrir como abastecia, e o que importa é que conseguimos.
Depois disso, de uma viagem super animada, com paisagens magníficas, chegamos a Turim. A cidade que todos esperávamos mais. Ou menos. Depende do ponto de vista. Esperávamos mais beleza, e menos estresse, menos pobreza, menos vuco vuco, menos várias coisas. Mas foi bom termos passado por lá pra conhecermos. E lá também revivi cenas do Brasil, como a de um mendigo vindo ao nosso carro pedir esmola na sinaleira. O que fiz? Falei em português, fácil. E lá se foi ele.
A noite, fomos para Aosta, cada vez mais próximos ao Mont Blanc. Monte Bianco, já que estamos do lado italiano. E bá, que cidade linda. Recomendo a visita. É uma cidade pequena, ao lado das montanhas, realmente aconchegante. Ficamos boquiabertos. Isso porquê ainda nem cogitávamos a possibilidade do contato com neve. Eis que de repente na vitrine de um ponto de informações turísticas, já no dia seguinte, vi um banner com uma imagem. Sabe essas imagens de power point que recebemos? Tipo uma dessas. Então entrei, perguntei onde era, e fomos. Dentre curvas, subidas, descidas, no meio de uma paisagem PERFEITA, com árvores amarelas, que não vemos no Brasil, com uma “espuma branca” na estrada, já que aquilo não podia ser neve e sim apenas uma espuma devido àquele sol, àquela temperatura. Então nem paramos o carro pra conferir, e foi só quando chegamos no parque que concluímos que toda aquela “espuma” era gelo. Provavelmente estava lá dias e dias desde a última vez que nevou, afinal nesse final de semana o sol estava de rachar,e todos sabemos que para nevar não pode ter neve. Não precisa ser meteorologista pra saber disso .
Chegando finalmente no parque, nos preparamos para a tal da caminhada de uma hora, como haviam nos falado no centro de informações. E lá fomos, em direção a linda imagem. Risos. Aqui, vale lembrar o que compunha meu traje: camiseta, moletom, casaco grosso, luvas, manta, calça jeans, e tênis ALL STAR. Muito esperto, eu sei. Foi esse tênis que ficou encharcado e deixou meu pé quase congelado, na uma hora de caminhada pra ir e na outra hora pra voltar, meio a gelo. Sim, muito gelo, nem eu acreditava. E no final nem sentia dor ou desconforto, aquela paisagem me deixava a cada segundo mais deslumbrado. Era algo totalmente novo pra mim. Estávamos lá, meio à montanhas, à natureza, à neve. Rindo, conversando, fotografando, pensando na vida, refletindo sobre a vida. E vendo o quanto somos pequenos perante o mundo. Quanta coisa ele tem pra nos oferecer e nos mostrar, e que às vezes somos muito egoístas por pensar pequeno, somente em nós, e no final estar desejando e sonhando muito pouco do que realmente podemos alcançar. Então, e a paisagem? A paisagem era do Lago d’Arpy, no meio dos Alpes cobertos por neve. Sim, chegamos até ele, e pra nossa surpresa, congelado. (Fotos)
Não, não nos decepcionamos e foi acredito eu, até melhor. Quem que tenha vivido somente em um país tropical sem ter nunca saído dele não sonhou em um dia pisar em um lago congelado? Eu sonhei. Tudo bem que não realizei o sonho porque faltou coragem. Mas o lago congelado eu vi, e não foi qualquer um. Risos.
Depois desse show da natureza, fomos mais perto ainda do Monte Bianco. Saímos de Arpy em direção à França. Quase na França dá pra se dizer, já que seguimos a direção errada e acabamos em outro pedágio. Esse um pouco diferente, com entrada pra França. Sorte que eu falei que queria ir no Monte Bianco. Sorte que o cara do pedágio falava inglês. E sorte que mais uma vez os carros abriram espaço pra eu dar ré. Risos.
Então voltamos, andamos uns 2km, e fomos na direção certa. Por sorte o erro foi pequeno. Na verdade a sorte foi ter surgido esse pedágio pra não deixar a gente ir além.
Bom, o Monte Bianco em si está em todas as cidades do Vale d’Aosta. Então se alguém diz ter ido até ele, não significa ter subido nele. Você pode estar a 100 km mas estar nele. É incrível. Quero deixar isso bem claro, pra não diminuir a importância do meu contato com o senhor Monte Bianco. Sim, isso porquê quando chegamos no teleférico para subir, e tinha recém fechado. Que raiva, momento raiva do final de semana. Tudo bem, passou, uma vez que um dia eu hei de voltar lá, escalando. Novo sonho.
Incrível. Após uns dias com muitas saudades dos amigos e de casa, Deus me brindou com um dos melhores finais de semana da minha vida. Foi uma experiência muito esperada. Foi demais. A saudade continuou, mas esse presente me deixou muito feliz, assim como tem sido dia após dia. Cada um com uma novidade ou um presente. Em cada um, uma nova amizade, algumas muitas outras risadas. Sempre muito bom.

Beijos e Abraços
Saudades

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Dia após dia, 2 meses completos hoje!


Vou começar este post com um protesto: Abaixo a outonos com duração de três semanas. Sério, me diz pra que esse frio em pleno outono. Ok, protesto feito, uma vez que eu já sabia que o frio começa bem antes aqui.
Então, como sabem, agora estou ocupado novamente. Minhas aulas estão cada dia melhor, isso porque entendo mais italiano dia após dia. Essa semana, mesmo com o frio tirando o ânimo para sair da cama, foi uma semana muito legal. Muito divertida. Isso que vocês não presenciaram a festa de sexta feira passada, com todos Erasmus, ou então pela janta de segunda feira aqui em casa, (óóó, aqui em casa). Sim, agora toda segunda feira teremos jantas aqui, feitas por mim. Essa semana foi "nhoque"(foto). (Da esquerda para direita: Ana e Luis from Peru, Tati, Leti, Belly from Espirito Santo, João de Caxias do Sul, Ana do Espirito Santo, Ricardo de Caxias do Sul, eu, e Catalina from Colombia). Agora penso no próximo cardápio.
No começo da semana, meus professores de projeto, “progetto” , me colocaram em um grupo. Assim sendo, já pude conhecer novas pessoas. Meu grupo constituí de quatro pessoas, eu e três caras italianos. Hoje, sexta feira, (exatos dois meses que estou na Europa), aconteceu o primeiro encontro de grupo, para fazermos o trabalho.
Achei que seria pior, tipo eu olhando pra eles enquanto falavam. Ou eles falando e eu olhando. Ou então eles tentando me fazer entender algo, e eu olhando. Ou pior que isso, eles falando e eu de lado, olhando assustado. Risos. Mas foi muito bom. Um que quando não me entendiam em italiano, o que aconteceu várias vezes, eles me entendiam em inglês. Outra que eu acho que fiquei com uma boa imagem, isso porque tive a brilhante idéia de mostrar meu projeto do semestre passado. Ainda disse que fiz sozinho. Se assustaram, porque aqui eles fazem tudo em grupo, não sabem trabalhar sozinhos.
Enfim, modéstia a parte como sempre, continuo falando. Já tenho trabalho pra fazer, pra assessorar segunda feira com os professores. Bem empolgante. A única coisa que ainda não me empolga é ir pra aula de quarta feira. Não ir pra aula em si, mas sim para ir e ter aula com uma professora em especifico. Não comentei antes, mas cada aula tenho três professores no mínimo, isso facilita, afinal em cada uma tenho uns setenta colegas. Mas voltando ao assunto, sério, ela não abre a boca pra falar. Acho que deve ter labirintite ou algo do gênero. Ficamos lá, tentando entender o que ela fala, e rindo né, porque não dá pra negar que é muito engraçado. Melhor que isso só ela falando em inglês. VOCÊS DEVIAM TER VISTO. Foi a cena mais engraçada até hoje dentro daquela universidade. Fui tentar falar com ela, ela não entendeu meu italiano. Logo, chegaram meus outros colegas brasileiros ao lado. E saíram pra rua pra rir. Pois já que ela não havia entendido meu italiano, perguntei se eu podia falar em inglês então. Ela disse ok. Eu pensei ótimo. Ela começou a falar. Eu achei que fosse piada. Imaginem uma pessoa com a boca fechada, como se estivesse se mordendo, então peça pra essa pessoa falar em inglês com você. Uma idéia superficial do que aconteceu você terá.
Bom, e pra finalizar a semana não poderia deixar de comentar do book que eu ganhei. Sabem aquelas lojas de fotografia que atacam você convidando pra tirar apenas uma foto, sem compromisso mas que no final te enchem de fotos e arrancam uma grana de você? Pois é, não foi nada parecido. Risos.
Amanhã tenho que levar duas fotos 3x4 numa entrevista que farei, para permissão de moradia aqui na Itália. Quando cheguei no estúdio fotográfico para tirar a foto, uma senhora me disse que o pacote mínimo era de oito fotos. Pronto, vou sair distribuindo fotos por aí agora. O pior não foi o pacote mínimo, e sim a situação no todo. Entrei na sala, tirei o casaco. A senhora disse “não tira o casaco não, é melhor termos mais roupa para a foto não ficar tão sem graça”. Pensei, a tá, agora é um book. Não sei porque pensei isso, dito e feito. Sentei no banco, e lá vinha a senhora caminhando na minha direção. Chegou perto, arrumou o casaco, (a gola), e mandou eu sentar meio que de perfil. Pra que? Então, posicionou minha cabeça, meio inclinada, uma coisa meio foto de arquiteto na “Casa e Cia”. E não consegui, mas comecei a rir muito. Ela nem deu bola, deve ter pensado que eu estava adorando. Então pra completar, quando consegui ficar sério, ela me larga essa, “porque você está sério? Quero ver um sorriso aí”. Depois fez tudo isso de novo, comigo na posição contrária, virado para o outro lado. Resultado, tenho oito fotos 3x4 na carteira, de perfil e sorrindo. Nunca vi disso. Não consigo olhar pra elas que choro de rir.
Enfim, minhas semanas estão sendo ótimas. Estou conhecendo muita gente, e me divertindo muito. Espero que vocês aí no Brasil também. Leiam essa frase com muito cinismo e ironia na cara. Risos.
Só pra confirmar, minha passagem foi relocada já, chego em POA as 14:45hs, do dia 11 de fevereiro de 2010. Para o carnaval.

Beijos e Abraços

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

E as aulas começam...


Vocês devem estar loucos para saberem como tem sido os primeiros dias de aula. Bem, pra começar bem, nada melhor que em plena 2ª feira sair com os outros alunos estrangeiros para beber. Todos muito legais. Mentira, tem algumas pessoas estranhas, que já nem sei por onde andam. Risos. Mas no geral, são todos legais. Fiquei impressionado com as tchecas, que transmitem uma alegria quase que brasileira, eu disse quase. Os chilenos, colombianos, peruanos, são bem parecidos com a gente também. Mas a maioria, feio. O que importa que todos nos damos bem, e que todos estão empolgados, angustiados, nervosos, felizes, enfim, em uma mistura de sentimentos vivenciando essa nova experiência.
Falando nisso, é difícil para mim aceitar certas coisas, e tomar certas decisões. Ainda mais quando se diz respeito a mim mesmo. Sou um cara difícil, decidido, e cobro muito de mim e de todos. Pode não parecer, mas cobro muito mais de mim do que dos outros.
Essa semana foi uma semana diferente das outras. Foi boa, mas diferente. Começaram as aulas, e o que era pra ter sido extraordinário, para mim foi um pouco frustrante. Agora já estou mais tranqüilo, pois precisou da companhia de outros colegas estrangeiros, para eu ver que eu não era o único a me sentir assim. Ontem, consegui inclusive curtir a aula de restauração arquitetônica.
Conversando com quem já passou por isso, me certifiquei de que esses sentimentos são normais. Ainda mais no meu caso, quando ainda estou aprendendo o idioma.
Também conversei com os professores, e eles se demonstraram realmente preocupados com os alunos estrangeiros, até porque não é a primeira vez que estes vêem para a universidade. Assim sendo, na matéria de 2ª e 3ª feira pela manhã, (Laboratório de construção), eles nos distribuirão por grupos de italianos, onde poderemos participar de melhor forma e não prejudicar nosso crescimento e resultado. Na matéria de 3ª feira a tarde e 4ª feira, (Restauração arquitetônica), a professora foi super legal conosco, e disse que entende todas angustias que passamos ou iremos passar, e que não é para nos preocuparmos com certas coisas, pois eles irão nos ajudar. Ou seja, estou me sentindo muito melhor, basta se dedicar para o curso agora.
Quando comecei a escrever, que falei que pra mim era difícil aceitar certas coisas, me referia ao dia de hoje. Pois então, como alguns sabem, hoje eu comecei meu estágio. E uma mistura de sensações tomou conta do meu corpo como nunca, e eu me senti o cara mais fraco de Novo Hamburgo, em Mantova. Risos. E se existe um sentimento que as pessoas não gostam de ter, é a insegurança. E eu então, ainda mais. Detesto “achar” que vai dar certo, tenho pavor de não acreditar no meu potencial. Pra mim é isso e ponto, não tem como dar errado, eu vou conseguir, é óbvio. Porém infelizmente hoje foi diferente. Fiquei vulnerável ao sentimento e a mim mesmo.
Parei, pensei, refleti. O que vim fazer aqui? Estudar. Porque me sinto mal? Porque não domino o idioma, estou inseguro quanto aos meus deveres como profissional, e com medo de deixar a desejar. E porque querer fazer o estágio então? Porque foi algo que já vim esquematizando na cabeça, desde o inicio da viagem, e desistir seria perder. E qual o problema de perder? Todos, eu não aceito perder.
Sim, me fiz todas essas e muito mais perguntas. Eu sei que no final eu conseguiria. Mas meu emocional não suportaria. Já é difícil por uma série de coisas e pelo próprio fato de estar aqui “sozinho”.
Imagine-se você, em um lugar diferente, idioma diferente, que você não domina fluentemente, tendo que estudar, e ainda desejando trabalhar. Ter a preocupação de ser aprovado nas matérias, fazer bem feito para poder dividir tudo com amigos e colegas na volta, e ainda ser um bom exemplo. Bom, querer fazer um estágio nessa altura, iria me complicar muito. No primeiro dia já foi essa cobrança, essas perguntas, imagine como seria daqui pra frente. Será que terei tempo para estudar, fazer os trabalhos, e atingir a nota desejável? Provavelmente, mas neste momento o que eu menos quero é estudar pensando se vou conseguir fazer tudo, e se vou conseguir cumprir meu papel de professional como esperado. O que eu quero, é segurança, é saber que vou fazer bem feito, é saber que se eu precisar de tempo, terei.
Infelizmente não posso seguir o ritmo que levo no Brasil. Tenho que recuar. E isso me dói muito. Quase que não admito e me obrigo a passar os próximos meses frustrado e angustiado pensando se vou dar conta de tudo. Ao mesmo tempo, correria o risco de estar aqui por estar, e não vivenciar como deveria.
Vale perguntar, qual foi o meu principal objetivo de ter vindo aqui? Estudar. Eu sei que todos vocês sabem disso, mas eu preciso ficar falando várias e várias vezes pra mim, pra parar de me cobrar. Pois inventei de colocar o estágio na cabeça e agora não consigo tirá-lo de lá. Se fossem 2 meses atrás, eu inventaria qualquer desculpa e não assumiria tal fraqueza. As vezes é preciso recuar. E hoje eu fiz isso.
É uma pena, mas não sabemos o que o futuro nos reserva. Sei que apenas vindo pra cá estudar, muitas portas se abrirão. Penso o quanto seria bom estar em um escritório, mas pra isso eu precisaria estar mais preparado, e de momento me sinto capaz apenas para estudar. Muita experiência vou ganhar, e pra isso preciso aproveitar. Quero realmente fazer bem feito, então, cabeça tranqüila, sem estresse, sem angustia.
Quem diria, estou aprendendo a falar comigo mesmo, e trabalhar meus anseios. Risos. Agora se fiz certo ou não, só saberei daqui pra frente.

Beijos e Abraços

domingo, 4 de outubro de 2009

"LAR DOCE LAR"

Finalmente, vamos começar a falar de Itália. Falar do meu "novo lar", onde ficarei nos próximos quatro meses. Contemplo-os com uma linda foto, clima de outono, da rua do "meu" apartamento.
Então, saindo de Munique na Alemanha, vim para Mantova. Hoje faz 13 dias que estou aqui. Sim, já estou falando fluentemente italiano. Ok, mentira. Mas tenho praticado meu dialeto próprio, o “gaguejano”. Constitui em enquanto alguém fala com você em italiano, você ficar olhando para a pessoa com cara de árvore, e ao tentar responder, gaguejar o quanto puder. Tem que se dedicar para ter fluência. E a interpretação nas caras tem que ser muito boas, se não o real sentido se perde.
Enfim, como sabem , vim aqui para estudar um semestre de arquitetura, e ficarei em um apartamento com mais três pessoas. Dois peruanos e um ponto de interrogação. Sim, porquê antes era pra ser uma Polaca, a qual chegou, não gostou do apartamento, saiu, e nos deixou na mão. Agora procuramos um quarto componente. Estamos próximos da decisão, as ligações já vão ser encerradas, já são mais de 1 milhão de ligações para decidir quem será o novo BBB. “É com você Bial”.
Na minha primeira noite no apartamento, foi uma espécie de teste psicológico. Sim, porquê aqui estava eu, sozinho, sem enfeites, sem path Works da minha mãe espalhados por tudo que é lado, sem tapetes, sem televisão. Mas foi fácil. Acreditem. Com 4 camas, divididas em dois dormitórios, pude perder alguns minutos testando qual seria a melhor, e finalmente escolher a minha. Também escolhi o lado do guarda roupas, o lado da cômoda, os melhores cabides, o melhor travesseiro, e já fui mirabolando planos para os próximos dias. “Uhmmm, quando chegarem faremos uma faxina”. “Uhmmm, esse sofá ficaria melhor naquela parede”. E assim se pensou, assim se fez. Quanto a televisão? Não estou perdendo nada, posi tenho uma Internet de 8mb, muito boa. Já baixei vários filmes também. Alguns que estão no cinema, dentre eles os Normais 2. Tudo bem que a qualidade é de “Cam”, (quando alguém leva uma câmera para dentro do cinema e filme todo filme, com direito a pessoas passando na frente, ou risadas exageradas durante o filme). Também assisto alguns programas como CQC, TOMA LÁ DÁ CÁ; ouço as rádios daí, como minha favorita Pop Rock. E assim vai, estou me sentindo em casa. Falta um ou outro tapetinho, um path work, mas no mais está tudo legal.
Quando os peruanos chegaram, começou a ficar mais real. Comecei a pensar quando iria me irritar a primeira vez. Eles são muito calmos, e num primeiro momento, a guria não fazia umas caras agradáveis, já estava começando a contar até 1000. Graças a Deus aos poucos as coisas foram melhorando. Eles viram que eu sou engraçadinho, e descolado. Risos. Logicamente quiseram ser meus amigos. E agora estamos em sintonia, criamos uma rotina, e obviamente eu não poderia estar mais feliz, já que sou eu que coloco as regras. Aqui vale lembrar a parte de cima, “eles são muito calmos”.
Tirando as brincadeiras de lado, falando um pouco mais sério, realmente não achava que seria tão bom como está sendo. A cidade é simplesmente linda. Ela mistura a essência de cidade do interior, com uma vida urbana mais agitada, com bares, lojas de marcas famosas, e pessoas pra tudo que é lado. Isso tudo porque ainda não esfriou, porque quando esfria as pessoas tendem a sumir. Não vai ser difícil, porque em uma cidade com 49 mil habitantes, não precisa de muito espaço pra essa gente se esconder. Acredito também que isso não será um problema, já que comigo são 50 alunos estrangeiros, e festas nos apartamentos provavelmente irão bombar. Seja frio, ou calor. O que percebi esse final de semana, ao conhecer alguns dos futuros colegas, é que potencial para isso teremos. Fica no ar.
Já ia me esquecendo de comentar sobre o dono do apartamento. Luigi. Um senhor com uns 60 e poucos anos, que nos é muito atencioso. Começando pelo fato que quando chegamos na estação de trem, lá estava ele com uma bandeira do nosso país, nos esperando. Bem tri. Ele também te leva pra conhecer a cidade, a pé, mesmo que você não queira, e faça cara de que está feliz. Infelizmente eu estava podre e não pude entrar no clima do passeio, mas ele também nem percebeu. Acho que deve ser um desejo dele, trabalhar com turismo. Tudo bem, o passeio gerou ótimas fotos. Ele também me levou pra fazer toda documentação necessária para permanecer aqui, e depois me apresentou para a coordenadora de intercâmbio na faculdade. Super gente fina, ele.
E assim fomos nos habituando com a cidade. Conhecendo os super mercados mais baratos, aprendendo a apenas comprar coisas com lista, aprendendo a fazer listas inteligentes, e também estipulando cardápios a base de muita “pasta” para todos os dias da semana.
Se isso vai funcionar eu não sei, porque estudaremos durante o dia, quero só ver como vai ser pra vir da faculdade, cozinhar,limpar, e voltar pra aula a tarde. Ok.
A cada dia que passa tudo se torna mais legal. Achei que por ser uma cidade pequena, seria como estar no fim do mundo. Mas ao contrário disso, é muito bom estar aqui, é como se sentir em casa. Quando volto para o apartamento, da rua, já me sinto voltando pra casa. E literalmente já estou em casa. Já faço meu chimarrão, olho filmes, atirado no sofá, e assim vai. Hoje, andei de roller por duas horas. Tudo bem que os últimos 30 minutos foram mais pra eu me achar e encontrar uma rua asfaltada para conseguir voltar. Porque achei que conhecia tudo e mais um pouco, e não são todas ruas que estão asfaltadas, logo, acabei tendo que fazer outro caminho.
Amanhã finalmente começam as aulas, e eu finalmente saberei se vou me sentir bem, ou apavorado. Isso porque quero saber como serão essas aulas. Como será minha relação com o idioma. E na quinta feira, começo meu estágio. Mas pelo estágio já sinto algo, nervosismo. Quero só ver.
Também venho pensando qual será meu horário pra malhar, sei que a universidade nos oferece infra-estrutura para esporte, podendo fazer academia ou até mesmo esportes como rapel, hipismo, futebol, etc. Ah! E também tem, para alunos estrangeiros, em 2as, 4as e 6as, aulas de italiano durante duas horas. Depois disso tudo, fico pensando como e quando vou viajar novamente. Muita coisa na cabeça, melhor deixar acontecer. Isso aí, sem estresse, tudo está dando certo, e acontecendo perfeitamente.
Agora vou dormir porque amanha tenho aula. Saudades de todos.

Beijos e abraços

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O final do mochilão e os últimos países!

Portugal – Lisboa e Porto
Após passar uma noite no trem, eis que chego em Lisboa. Por minha sorte a estação de trem que desci, era 1 km do albergue que eu ficaria.
Será? Bom, aí que vem a pergunta. Porque ao sair da estação, perguntei aos taxistas onde ficava a rua do meu albergue. Então, me indicaram um caminho, e lá fui eu. A única coisa estranha era que ao encontrar a rua, ela não se chamava “rua”, e sim “via”. Logo concluí que rua era via em português de Portugal. Concluí errado. Via é via, rua é rua. Uma vez que eu estava parado em frente ao número do que deveria ser o albergue, após caminhar uns 2 km e não 1 km, e sem nenhum albergue e sim uma confeitaria. Por sinal, muitas confeitarias por Lisboa.
Questionei a funcionária do local sobre o endereço, ela me mandou para outro lugar. Sentido oposto ao que eu vinha caminhando. E lá fui eu de novo. Mas estranho, não era rua de novo, era “estrada”. Seria piada? Já que estava em Portugal. Dito e feito, lugar errado novamente. Eis que uma senhora muito atenciosa imaginou que eu estivesse procurando um albergue, num endereço com mesmo nome daquela “estrada”. (Porque será né? Pela mochila de 15 kg nas costas?). Fui então em direção ao endereço, pensando no que mais além de rua poderia existir, porque já estava até aceitando a idéia de me tornar nômade e ficar apenas perambulando. Lá estava eu, num bairro onde o mesmo nome serve para três endereços, um rua, um via, um estrada. Mas tudo bem, na terceira tentativa eu achei.
Lembro também que ao chegar no albergue, perguntei se a recepcionista sabia a previsão do tempo para o dia. Eu sinceramente até agora não entendi porque ela perguntou se ela tinha cara de adivinha e começou a rir muito, como se fosse uma ótima piada. Será que eles não tem jornal, ou previsão do tempo? Estava começando a ficar assustado.
Fui ao meu quarto, me troquei, e comecei meu passeio. Quis fazer tudo sozinho, inicialmente. Peguei um ônibus, e pedi ao motorista que me avisasse quando fosse tal parada pois precisava descer lá. Ele me informou que iria aparecer o nome no letreiro. O que também foi uma mentira, pois depois de 40 minutos andando por Lisboa, resolvi perguntar a ele se já havíamos passado do ponto. Pois eu estava sozinho dentro do ônibus. E a resposta? “Claro que já pois!Estamos no final do trajeto, o ônibus fica fazendo círculos na cidade” Super educado ele. O estranho é que estou esperando até agora para ver o nome da parada no letreiro digital.
Enfim, tudo estava me deixando realmente impressionado. Pois o nível de piadas locais estava realmente muito alto, gente que vive num mundo a parte, concluí.
Quando cheguei onde realmente queria chegar, umas duas horas depois de sair do albergue, finalmente peguei o ônibus turístico, e tive o prazer de conhecer a cidade. Linda. Demais. Vale muito a pena, principalmente a parte nova, (EXPO 98 - foto acima). Logo, todas as piadas vividas foram esquecidas, pois realmente a cidade era encantadora. E depois de dois dias ótimos na cidade, fui para Porto. Era sexta feira, e lá estava eu lembrando que nas últimas sexta feiras alguma coisa tinha dado errado. No caso, a sexta feira anterior tinha sido o assalto em Barcelona. Pensei no que poderia acontecer agora. Medo.
Cheguei em Porto,e adivinhem, cidade lotada. RISOS. Lucas não fez reserva de albergue, ok. Esperto. Lucas ficou procurando albergue durante 3 horas, a pé, dentre trancos e barrancos literalmente, com a mochila de 15kg nas costas. Se encontrei? Não, não encontrei. Todos lotados, pois naquele final de semana iria ocorrer o “Red Bull Air Racer”.
Lá pelas tantas, um dos albergues lotados me indicou outro albergue. Fui até lá, e adivinhem ,lotado. Mas pelo menos o pessoal que trabalhava lá era muito legal. Me acolheram, me colocaram pra dormir numa sala, e nas noites seguintes, numa cama extra, num dormitório. Quem quiser a dica, me cobrem. Ótima infra, preço bom, atenciosos.
Por falar em atenciosos, essa foi A diferença de Lisboa para Porto. Lá, as pessoas te tratam bem, fazem questão da presença de turistas na cidade, ficam felizes. Me senti muito bem.
Sem esquecer que fiquei deslumbrado com a cidade. Me surpreendeu. Foi perfeito. No sábado com direito a realização de outro sonho: Show do Moby. Tudo bem que passou rápido como tudo que é bom, e tudo bem que eu não acredito que eu fui no show deles. Só sei que cheguei cedo, fiquei na frente. Cara a cara. Fiz vários vídeos, em alguns eles acenam para mim. E no final ainda perguntaram: “Alguém do Brasil aqui?”. Eu levantei a mão, e como estava BEM na frente eles viram, e falaram para MIM: “Ano que vem é provável que nós iremos ao Brasil”. DEMAIS

França – Paris.
No dia seguinte, após tudo isso, fui para Paris. Mas sabe quando você não está com tanta expectativa, sem saber o porque? Assim eu estava. Sem saber o porque, já que todo mundo adora Paris. Opa, lembrei porque. Devia ser porque não fui bem tratado na estação de trem que passei na França, antes de ir pra Espanha.
Em Paris, fui mal tratado também. Sim, falarei mal o quanto puder dessa cidade, ou melhor, das pessoas. Claro, não foi nada que abalasse meu passeio, ou tirasse o brilho da Torre Eiffel. Mas fica a sugestão do dia: não vá a Paris sozinho. Ou melhor, se for a Paris, vá com um grupo, de brasileiros de preferência, pois são esses os únicos educados na cidade. E como tem brasileiro lá, Jesus.
Ao mesmo tempo, parei pra refletir sobre tudo que eu estava reclamando. Eles não falam inglês. E nós brasileiros falamos? Eles furam filas na cara dura. E nós não adoramos ser espertinhos? Então calma aí Lucas, porque deve ser a mesma coisa quando alguém de outro país vai para o Brasil.
Claro que temos alguns defeitos iguais, mas no Brasil nós tentamos ajudar, e lá no final conseguimos. Deve ser por isso também que os Europeus adoram nosso país.
Do que adianta ter a cidade que têm, porque afinal eles acham que estão na melhor cidade do mundo, e agirem como agem. Não adianta nada. Por isso Paris pra mim ficou com a imagem de cidade fria, de gente mau com#*@!! Fica subentendido.
E não me venham dizer que Paris é segura, porque a cada ponto turístico que eu fui tinha um truque diferente pra te sacanearem. Na Torre Eiffel alguma mulheres indianas vinham perguntar se você falava inglês. E logo vinha outra pra perto, porque será né? Bater carteira!
Na praça da concórdia, surgem pessoas achando anéis de ouro, e perguntando se é seu. Esse truque não sei qual é até agora. Porque apenas passei a pé pelo local, e na ida um cara juntou um anel, e na volta uma mulher. Aí que me liguei. Coitada, ela veio perguntar se era meu, e saiu com uma lista de desaforos em português, de brinde. Com medo também,, depois da cara que fiz.
E ainda temos, em plena Torre Eiffel, no elevador, batedores de carteira. Com direito a plaquinha avisando pra cuidar, já que eles não se responsabilizam. Olha que audácia.
Bom, após ter “amado” a cidade, as pessoas, tudo tudo, fui para Amsterdã. Minha última cidade.

Holanda – Amsterdã
Cheguei lá e já preparado para frieza, ou do péssimo atendimento nos lugares, como haviam me dito, me surpreendi. Todas pessoas que conversei me trataram super bem. Tudo que conheci foi novo, assim como também surpreendente. Pra ter idéia, o albergue que eu fiquei, tinha um “smoking room”. Para fumar isso mesmo que você está pensando. Sabe aquele desejo que temos de viver num lugar liberal, sem regras, ou com “irregularidades legalizadas”? Pois é, não tem graça alguma. É engraçado, e deu. Quando você não faz parte desse mundo, ou dessa cultura, não tem a mínima graça.
Claro, foi demais conhecer a cidade, é linda demais. Parece cinema, eu recomendo. Mas não espere ser alguém que você não é, porque vai se decepcionar consigo mesmo. Apenas vá e conheça. Já vale muito a pena.
Já vale pelos bairros divididos por canais, que a cada 10 passos você encontra um. Ou então pelas super ruas movimentas a noite, com direito a prostituição legalizada, estampadas em vitrines com cortinas vermelhas, e atrás dessas, prostitutas prontas pra te baterem caso tirem uma foto, (fica no ar). Turistas e gente jovem pra tudo que é lado. Gente jovem? Não me diga. RISOS. Só mais uma coisa, não, não vi ninguém morando em barcos, como na novela da “moça bonita”, faltou achar isso pra deixar Amsterdã com cara de Amsterdã.
É, a viagem foi perfeita. Aprendi muita coisa. Muita coisa que me foi útil inclusive pra essa nova fase que estou vivendo: convivência em grupo com pessoas que não conhecia. Está fácil.
Assim me fui de Amsterdã, rumo a Munique novamente, para buscar minhas coisas que deixei lá. Finalizei meu mochilão com chave de ouro, e com bastante cerveja. Na October Fest. Que por sinal valeu muito a pena ter ido. Quando programar uma viagem à Alemanha, programe final de setembro. O evento é realmente merecedor de sua visita.
Então, a partir de agora vocês vão vivenciar histórias que narrarei daqui da Itália. Da própria Itália. Minha convivência, minhas experiências, minhas futuras viagens. Enfim, estou no meu “provisório lar” pelos próximos 4 meses e meio.
Isso aí, está passando, 4 meses e meio faltam para acabar tudo isso. Está voando!

Beijos e abraços. Saudades sempre!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Os primeiros países

Suíça – Genebra e Zurique
Bom, ao planejar minha viagem, o primeiro país a passar seria Suíça. O que para um começo não foi nada mal, afinal, quem nunca quis conhecer algumas cidades deste país. Quem nunca recebeu algum power point com fotos e mais fotos de lá.
Então, a primeira cidade escolhida foi Zurique. A primeira de todas as tantas que eu ainda iria conhecer na Europa.
E não foi só a primeira cidade. Foram os primeiros anseios, os primeiros sustos. Foi chegando em Zurique que desci na estação errada e já bateu um nervoso. Mas deu tudo certo, já que a estação que eu devia descer era apenas 5 minutos após. E eu apavorado achando que estava mega perdido.
Enfim, a cidade é muito linda. Muita limpa, organizada, cenário de cinema. Tudo bem que para um filme do estilo “O Diabo veste Prada”, onde as pessoas pagam 4 Euros por uma água e acham normal. Eu não achei. Mas ok.
Era muito verde, um lago azul, azul do cal na verdade. Devido as montanhas, os Alpes suíço. Olha que nojo, Lucas já viu os Alpes suíços de perto. Não perto perto né, mas mais perto que os power points. E espero que no inverno eu volte lá, para esquiar.
Como eu ia dizendo, tudo muito caro. (Ai Lucas, para de reclamar.) Ok. Então vamos para a próxima cidade, Genebra. Que foi exatamente o que fiz. Passei o dia em Zurique, caminhei, caminhei, caminhei, e caminhei, e a noitinha fui pra Genebra.
Umas 3 horas depois de entrar no trem, lá estava eu, em Genebra. A cidade, parece Zurique multiplicada algumas vezes. Muito parecidas, até o jato de água no lago. Claro que o de Genebra é muito maior. Não vamos menosprezar seu desempenho. Risos.
Logo que chegasse em Genebra, eu deveria reservar minha passagem para Barcelona. Isso porque eu ia dormindo no trem, cama, essas coisas. Hotel Trem eles chamam. Mas quando fui fazer isso já estava lotado. A única opção foi antecipar a passagem para a manhã do dia seguinte.
Logo, lá estava o Lucas, a tardinha, de um dia cansativo, correndo para o albergue para tomar um banho e ir conhecer a cidade. Dito e feito. Fui conhecer a cidade. Uma pena que não consegui ir na sede da ONU. Mas o que vi, eu gostei. Eu disse gostei, não “gastei”, porque afinal estava decididamente a não pagar um tustão pelos preços abusivos das coisas.
Bom, a noite estava em um restaurante na beira do lago, meio a uma praça, (não era eu que não ia gastar nada), eis que de repente no meio da praça surge um DJ. Mais legal que isso foi de repente começar a tocar os hits do momento (Miami “beach” inclusive). BEM BOM.
E assim fiquei por Genebra, até meia noite mais ou menos. Caminhando pra lá e pra cá.
Para ínicio de viagem, comecei bem, valeu a pena.

Espanha – Barcelona e Madri
Como disse, de Genebra a Barcelona. Como eu ia dormindo antes, não tinha nem dado bola para o número de horas dentro do trem que eu passaria.
Mas bá, ficar 12 horas dentro do trem, durante o dia, realmente é cansativo. Sem dizer que tive que trocar de trem na França. E que lá já me deparei com algumas coisas desse país, como o fato deles não falarem inglês.
Lucas sai do trem pra trocar, e tenta perguntar informações, quem disse que algum funcionário ajuda. Ok. Sorte que a primeira pessoa, “não funcionário”, que perguntei, estava esperando o mesmo trem que eu, e falava inglês. Ufa.
No trem, já indo da França para Espanha, conheci duas americanas. Gordinhas, como a maioria dos americanos. Muito legais, me dando bola, e meu inglês nível 4 bombando. Brincadeira, eu me surpreendi comigo mesmo, me virei bem com o inglês, e numa dessas até recebi elogio de um canadense. Tudo bem que ele era meio surdo, mas o que importa foi o elogio. Brincadeira, não era surdo não, é que eu disse que o inglês era do “colégio”, já que no Brasil temos uma ótima educação. Olha eu enchendo a bola do meu país, palmas!
Voltando então, lá estava eu no trem, conversando com as gurias. E assim fomos até Barcelona. Sem esquecer daquele odor que comentei, dos franceses. Uma vez que troquei de trem na França, estava quente, muitos franceses no trem, essas coisas, sabe né...
Quando chegamos ao destino, resolvi acompanhá-las ao metro, em direção aos nossos albergues. E lá, dentro do trem, eis que entram 5 figuras super importantes para a novelinha de ação que estaria por se criar. Eram 5 homens (não vou descrevê-los para não parecer preconceituoso, mas imaginem algo como o perfil desses caras que vendem rede no nosso litoral... é o máximo que detalharei), em grupo obviamente. Entraram no trem e se alguém perguntasse para onde iam eles não saberiam responder. Afinal, estavam decididos a nos roubar. Mas as antas nordestinas não notaram isso. Quando notamos era tarde. Eles haviam aberto a mochila de uma das gurias e roubado a carteira. Por SORTE, como ele saltou na próxima estação, se ferrou, porque aquela era a nossa estação. Aí que eu entro na história. Lá fui eu, correndo atrás do cara. E os outros 4 sentados, fingindo esperar o próximo metrô, meio que barrando nossa passagem. Mas mesmo assim eu consegui. E fui, com uma mochila de 15 kg nas costas. E corria, corria, corria. Ele desceu umas escadas, e aí meu amigo, acabou. Estava num corredor sem saída. MUITOS RISOS AGORA. Ele era pequeno, e ficou com medo de mim. Ou seja, estava sem arma, eu estava suado, com cara de apavorado e não de bravo, mas pelo visto devem ser muito parecidas as caras. Ele jogou a carteira no chão, eu peguei, e o xinguei em inglês. Não sei porquê. De repente porque as amigas eram americanas, dã.
Após isso, fomos para nossos albergues, e no dia seguinte uma viagem maravilhosa começou. Nossa, foi demais. Apesar de ter que ficar o tempo todo ligado com os malditos ladrões, foi muito legal. Conheci coisas que sempre sonhei em conhecer, e no momento nem acreditava em estar lá. O tempo colaborava a cada minuto. Era sol e calor. Era marca de camiseta e de óculos.
Foram 3 dias ótimos. Conheci muita gente também. O albergue tinha 6 andares, hospedava umas 400 pessoas mais ou menos. Bem ao lado da Casa Gaudí, muito bem localizado. Os passeios foram ótimos, peguei um ônibus turístico durante dois dias, o que me proporcionou conhecer lugares como A Sagrada Família (o que pra mim foi o menos emocionante), ou o próprio parque Guell, DEMAIS. O 3º dia me dediquei a parte nova da cidade, a praia. Valeu muito a pena. Fui no aquário, que é o maior de não sei o que. Ok, todo lugar que eu ia, tinha um aquário maior que não sei o que. Nesse papo eu não caio mais. Mas foi ótimo também. Eu realmente parecia uma criança.
Bom, ficar descrevendo cada coisa seria muito cansativo para quem lê. Para isso ficam as fotos. Agora vamos para Madri.
Saí de Barcelona e em 3 horas estava em Madri. No albergue que fiquei, a recepcionista faxineira telefonista camareira, ou seja, a faz tudo, era brasileira. Muito querida ela. Pena faltar um dente bem na frente. E pra ela iria bem uma dieta, sem carboidratos também. Fica dica. Como ia dizendo mesmo, o albergue era muito legal, ótima localização.
O que me proporcionou poder passear a pé por Madri. Pelo menos nas partes principais.
E assim fiz, conheci tudo que tinha direito, e ainda fiz amizade com um pessoal de lá. Dentre eles Álvaro e Ana. Os que me acompanharam em um dia de passeio. Me levaram até a uma arena de touradas, e ao Real Madri. Bem desocupados, mas muito legais. Já tenho amigos pra quando for novamente.
Madri foi uma cidade que não me chamou muito a atenção. Apesar de bonita, de estar repletas de praças, não foi algo que eu dissesse que me agrada 100%. Isso porque achei as praças muito secas. Você está lá, em um calor de matar. Não tem praia. Mas tem praças. Daí você vai ás praças, e encontra brita e mais brita, e lá no fundo uma árvore.
Claro que posso estar exagerando, mas muitas praças são assim. Exemplo disso é a Praça Maior (foto). Muito conhecida, mas nada arborizada. Ok, não é o objetivo da praça, mas então não me encham de mesas e cafés no local. O povo não agüenta.
Diz que Madri é uma cidade cheia de festas. Pena eu ter ido durante a semana então. Diz que o Lucas voltará para conferir. Diz que.
Enfim, já estou tonto de tanto escrever, e tanta informação. Isso que não deve ter sido nem 10%, o que dizem que é o que a gente absorve de tudo que aprendemos. Estou devagar ultimamente, mas prometo voltar a exercitar o cérebro.
Por hoje é isso. No próximo post escrevo sobre Portugal, França e Holanda.

Bjos e Abraços

sábado, 19 de setembro de 2009

Viagem para um só significado: crescimento


Como começar esse texto. São tantas informações, tantas coisas pra falar, tanta experiência nova, experiências boas, excelentes. Agora estou aqui, ouvindo um outro estilo de música, que eu não sentia prazer antes em ouvir. Mas que acredito que estejam mais em sintonia com o momento que vivo, e com o crescimento que progrido.
Essa viagem de um pouco mais de duas semanas, simplesmente me transformou. Não vou dizer que sou uma outra pessoa, que realmente essas coisas mudam a gente. Até porque todo mundo sabe que pra modificar minha personalidade não seria assim tão fácil.
Mas o que digo que mudei, são as maneiras de enxergar as coisas, de interpretar, de reclamar. Sim, porque é muito fácil reclamar que os franceses por exemplo não falam inglês. Ou reclamar, ainda deles, que eles expiram um odor muito desconfortável, e que pior que isso é sentar ao lado deles em um trem. É fácil reclamar, do café da manhã dos albergues, fracos. É fácil reclamar dos portugueses que não fazem questão de lhe responder as coisas que você realmente perguntou. É fácil fazer piadas disso. Rir deles.
Mas realmente nesses dias todos viajando, e passando por diversas situações, as quais contarei daqui pra frente em publicações específicas de cada país, e em nenhum momento me estressar, debochar, ou simplesmente desmerecer a cultura e maneira de viver de alguém.
Isso sim, posso dizer que sou uma nova pessoa. E por isso eu digo que certas músicas, certa “vibe”, ficaria um pouco fora de ritmo nesse momento. Um momento de reflexão, e agradecimento por tamanho crescimento.
Ter tido a oportunidade de me tornar mais seguro, independente, (mesmo que não financeiramente, mas conhecedor dos próprios passos), e o melhor de tudo, conhecer novos lugares e culturas, foi algo simplesmente perfeito. Indescritível. Uma porta que se abriu para mim, dando um exemplo do que tudo significará pra mim daqui pra frente.
Se foi apenas um mês de minha viagem. Pode ser que em algum momento pareceu ter sido bem mais, mas agora o tempo voa. Agora começa a ser diferente. Começo a ver que realmente isso tudo é real.
E o fato de estar conhecendo e visitando muita coisa que aprendi, está me fazendo abrir mais a mente do que tudo isso aqui está contribuindo para minha vida. Com certeza no final vou ter outra visão do que quero para minha carreira, para minha vida no geral. Isso que em um mês muita coisa já penso diferente. Ótimo.
E ainda, o melhor de toda essa viagem, foi em nenhum momento me sentir sozinho. Mesmo sozinho. Foi bom estar feliz o tempo todo. Mesmo sem ter alguém comigo, sentia que muita gente estava na mesma sintonia que eu, e muitas vezes acabávamos nos esbarrando em conversas, ou diga-se de passagem, em albergues. Os quais foram extremamente importantes eu ter me hospedado, para que a idéia do “mochilão” não se perdesse.
E foi assim, que comecei a aprender muita coisa sobre o convívio entre as pessoas. Cada dia uma coisa nova. Contar até quanto for preciso pra realmente não se estressar. Ou pra que contar, eu não me estresso mais com isso. Até porque me estressar com algo que ao refletir conclui realmente não ter importância, seria tempo perdido.
Poderia ficar comparando, dizendo que certas coisas também acontecem no Brasil, que não teria moral pra reclamar. Mas não, prefiro fazer diferente. Acho que o melhor que reclamar, comparar, é modificar. Modificar do seu jeito. Entendam como quiser. Eu modifiquei os momentos, os acontecimentos, as comidas, as camas, as viagens. E tudo ficou perfeito no final. Na real que tudo foi perfeito desde o inicio.
Agora estou aqui, pensando no que vou escrever no próximo post, sobre o primeiro país que passei.
A saudade continua grande, mas pra isso não atrapalhar, vamos aproveitar. E muito.

Beijos e Abraçados