terça-feira, 24 de novembro de 2009

Clima europeu

Quantas vezes você já parou o que estava fazendo ou até mesmo pensando, pra cair na real e ver que naquele exato momento você estava realizando um sonho? Pois bem, eu já passei por alguma situações parecidas. Algo do tipo “nossa, que bom que essa viagem deu certo, um sonho realizado!”, ou então “como é bom estar no final do curso, nem acredito!”. Tudo muito previsível e programado. Agora estar andando de bicicleta na rua, indo para aula, em um dia cinza, clima europeu, árvores secas, as folhas que eram amarelas no chão se decompondo, e você se tocar de que toda a situação pra você era um sonho, e que naquele momento essa vivência era rotina da sua vida, não tem preço.
Tudo bem que já não sei quantos dias que não vejo o sol. Não sei se é ele que está lá atrás das nuvens realmente, ou ironicamente uma lâmpada de 60w tentando iluminar alguma coisa na terra. Sim, porquê não pense que o inverno aqui tem alguma coisa a ver com o inverno no Brasil, especificamente no sul. Aqui a época é de chuvas, que pelo visto foram transferidas para o RS e SC, deixando o período chuvoso daqui sem chuvas. Pode ser que para alguns seja depressivo, mas para mim é charmoso. É somar todo estilo “Europa” de se viver, com o clima, com a vegetação, com as roupas que as pessoas vestem, e achar que tudo isso não passa de um filme nessa temática, como exemplo “O Amor Não Tira Férias”. Ótimo.
Entrando nesse clima nostálgico de “opa, estou na Europa”, nada melhor que ir a Veneza. A cidade mais charmosa e romântica que visitei na Itália até o momento. Por mais que eu tenha ido de vela do casal de amigos peruanos que vivem comigo. Risos.
Um dia nublado, frio, acordando as 4:45 da manhã para poder pegar o primeiro trem e aproveitar bem o dia, uma mochila nas costas com algum lanche, e a expectativa de conhecer a cidade que afunda a cada seqüência de chuvas que ocorrem. Foi sem dúvidas um ótimo dia. A companhia dos peruanos foi muito boa, as caminhadas pela cidade foram incríveis, e pra completar, o passeio de gôndola foi indescritível. Ser vela durante o passeio então, sem comentários. E a gôndola, que é um balança mas não cai, bá! Falta equilíbrio psicológico. Risos.
A cidade como todos já sabem é cara. Fico pensando quem se hospeda nos hotéis frente a canais maravilhosos. Fico pensando em quem se hospeda em qualquer hotel lá na verdade. Também não posso deixar de comentar do mau cheiro que por incrível que pareça não existe, da quantidade de “souvenirs” espalhados por lá, na beleza das tantas máscaras expostas nas vitrines,e do vuco vuco que é aquilo de tanto turista. Mesmo assim, não tem como não se apaixonar por Veneza. É demais, é única. Vale conferir alguns vídeos feitos pelo Luis, (o peruano que mora comigo), postados no YouTube. No mínimo engraçados. http://www.youtube.com/watch?v=uthKftrWRgQ, http://www.youtube.com/watch?v=91Hu4HgWQ6E, http://www.youtube.com/watch?v=nZFCLR1AwQI.
Falando em tempo nublado, frio, chuva, quero dividir com vocês como temos secado nossas roupas. Fácil e prático, o segredo é o aquecimento central do apartamento. Decoração pra que se você tem roupas úmidas para espalhar pelo ap, estendidos nos aquecedores? Risos. Tomou banho? Estende a toalha no aquecedor. Secou a louça? Estende a toalha no aquecedor. E assim vai. Em horas, tudo seco.
Bom, e as aulas como andam? Andam. Risos. Prefiro não comentar sobre a minha professora de restauro com labirintite. Ninguém me confirmou ainda que ela tem esse problema, mas também nem precisa. O que importa é que estamos fazendo um trabalho bacana, projeto de restauro de um mosteiro. E na aula de projeto vai tudo bem também. Estou aprendendo a utilizar materiais e técnicas construtivas de outra maneira. Super válido.
Enfim, o crescimento não pára. A satisfação e prazer em estar aqui então, só crescem. Momento único e sei que inesquecível. A cada dia gosto mais e mais. Será que volto futuramente? Antes isso tinha uma resposta concreta na minha cabeça. Hoje eu já não sei. Aqui também aprendi mais ainda a esperar. Esperar acontecer.

Beijos e abraços
Saudades


terça-feira, 17 de novembro de 2009

LONDRES

Não poderia deixar de falar como foi minha espetacular e um tanto quanto angustiante viagem para Londres. Bom, vou contando daqui e vocês vão lendo daí minhas peripécias no final de semana, que no momento não foram nenhum pouco engraçadas, mas agora me fazem rir. Também vale lembrar que com o que contarei, aprendi muita coisa para minha próxima ida à cidade, para não cair em tantas furadas. Risos. Isso ocorrerá no dia 29 de dezembro.
Partindo do inicio. Não do inicio da viagem, mas lá quando comprei a passagem. Isso mesmo. Após ter comprado, feito check-in pela Internet, verifiquei onde ficava o aeroporto, e como eu deveria fazer para ir até ele. Fácil. Pegava um trem aqui em Mantova, ia até Verona, cidade aqui ao lado, (+- 40 minutos de trem), e na estação de trem da cidade, pegava um ônibus até o aeroporto. Este, saia de 20 em 20 minutos de lá.
Ok, fácil. MENTIRA. Foi desesperador. Pois o bonito aqui saiu na 5ª feira, super programado, já que estou tentando mudar minha mania de ser super adiantado nos meus horários e muitas vezes ter que ficar esperando. E pior que isso ficar irritado por ter que esperar. Enfim. Peguei o trem, sentei bem comportado no vagão, e fui super tranqüilo pensando: “nossa como eu sou demais, agora me programo melhor. Vou chegar uma hora antes de entrar no portão de embarque, (no caso chegar na estação de trem), apanharei o ônibus e vou chegar apenas meia hora antes”. Ridículo. Maldita idéia. Ok.
Então, cheguei em Verona. E tudo começou. “Com licença senhor, sabe onde pego o ônibus para o aeroporto? - Não tem mais ônibus hoje”. UM MINUTO DE SILÊNCIO PARA O SENHOR. Alguém pode me explicar porque no site dizia que de 20 em 20 minutos eles partiam de lá? Não respondam!
Fui então com minha cara de “estou entrando num processo de estresse” em direção ao balcão de informações, e lá a atendente muito simpática (??), me confirmou que não havia mais ônibus naquele dia para o aeroporto. E de táxi seria uns 80 Euros. A tentativa de não perder o vôo foi pegar um trem até outra cidade, (mais 40 minutos), e lá na estação de trem da cidade pegaria um táxi, que me sairia mais barato. Foi o que fiz. Cheguei exatos 20 minutos antes do embarque. Entrei no táxi e disse ao motorista que fosse voando para lá. Pois bem, cheguei em 20 minutos, na entrada do aeroporto que dava de frente a sala de embarque. E fui o último a entrar. Risos.
Após suar um pouco, passar por todo esse estresse, fui finalmente de ônibus, ou de van, ou de combi, ou de sei lá o que para Londres. Sim, porque aquilo não era um avião. Me desculpem aos que já devem ter realizado seu sonho “em voar”, em um tipo de avião desses. Mas ninguém merece se sentir uma roupa dentro da máquina de lavar roupas, durante duas horas. Cheguei em Londres e tive uma sensação de felicidade enorme ao aterrissar. Risos. Chovia muito. Por sinal se eu tivesse ido lá para tomar banho de chuva, teria atingido meu objetivo. Pena que não foi esse.
Mesmo assim a cidade me conquistou. É simplesmente espetacular. Arquitetura de qualidade, gente louca por todos os cantos, movimento, muito movimento, e muita coisa legal para conhecer. Eu sinceramente adoraria morar lá. Acho que foi a cidade que eu mais gostei até hoje. Incrível.
Durante os dias fiz os passeios pela cidade, tomei banho de chuva, molhei meu livro (guia viajante europeu), passeei mais um pouco, mais chuva, mais passeio, mais e mais e mais chuva. O legal da chuva é que ela não trabalha sozinha em Londres. Ela vem em grupo. É um trabalho unido e com muita vontade de te vencer. Primeiro vem a chuva, com raiva de você. Ela quer te afogar se for possível. Depois vem o vento, pra destruir teu guarda chuva. Pelo menos depois de perder seu guarda chuva, vem o sol né. Já que o vento leva embora as nuvens. Maaaaaas, ao mesmo tempo que ele leva embora algumas nuvens, cinco minutos depois ele já traz uma família enorme de nuvens gordas e escuras, que nessa vez se juntam ao vento, e aí meu amigo, te fu! Corre, mas corre mesmo, ou se aceite como um saco de lixo ambulante e vista aquelas capas plásticas da cabeça aos pés. E tenha é claro, todas suas fotos em Londres, vestido assim. Risos.
Na verdade, essa questão do tempo não é uma coisa que irrita. Pois todo mundo sabe que faz parte do clima da cidade. Então já vamos preparados. Ok, não vamos tãããão preparados assim. Mas dá para aproveitar muito a cidade. Muito mesmo. Tanto que pra mim foi perfeito. Inclusive tive o prazer de ver MOBY novamente, (fiz um video até http://www.youtube.com/watch?v=hY29rPBUYqo). E eu que achava que não veria o show dele de novo tão cedo.
Enfim. Depois de curtir Londres, voltar pra casa sem todo estresse que passei pra ir, foi sem dúvidas a coisa que mais me deixou na expectativa. Risos. Sendo assim, tudo que a gente pensa demais, a gente atrai. E pra completar meu final de semana, meu vôo atrasou uns minutos, chegando atrasado na estação de trem de Verona, e perdendo o trem. Olha que legal. Cheguei em casa apenas duas horas depois do previsto. Super. (???)
É isso aí. O final de semana entrou pra história. Conhecer Londres, boa parte de seus pontos turísticos, a arquitetura, tirar foto com a louca da Amy Winehouse, pegando no peitinho da rainha (que por sinal é bem firmezinho), ou até mesmo com o tio Albert (Eistein) de cera, foi DEMAIS.
Agora estou aqui novamente curtindo essa “metrópole” que é Mantova, e já pensando nos meus próximos destinos. E também, estudando um pouco. Risos.

Beijos e Abraços

Saudades de todos

terça-feira, 10 de novembro de 2009

50%


Hoje faltam exatamente três meses para meu retorno ao Brasil. Sim, já estou na metade da viagem, e lembro como se fosse ontem minha chegada aqui. Minha primeira publicação para o blog, meus primeiros passeios, lembro como se fosse ontem, minha festa de despedida.
Não tem como negar que o tempo está voando e que a cada dia que passa eu fico mais acostumado à rotina que tenho aqui. Por exemplo, estou aqui escrevendo, ouvindo minhas músicas, pensando no que tenho pra fazer amanhã, nos trabalhos da faculdade, no final de semana que está por chegar, e assim vai. Incrível. Tem sido uma nova vida, novas rotinas, mesmo que por pouco tempo. Isso eu acho que tem me dado mais vontade em vivenciá-las, o pouco tempo que me resta.
Semana passada, que pra mim parece que foi hoje a tarde, fomos para Milão, apenas com um objetivo: ir à partida de futebol entre Real Madri e Milan. Tudo bem que demoramos para comprar e que ficamos praticamente na caixa d’água do estádio e quase precisamos de um binóculo, mas valeu muito a pena. O jogo não poderia ter sido diferente, foi um espetáculo. E fiquei realmente surpreso com as pessoas dentro do estádio. Achei que veria bagunça, brigas, sujeira. Mas foi tudo ao contrário. Lembrando que estávamos na parte ralé do estádio. Risos.
Semana passada também foi minha primeira apresentação de trabalhos. Na aula de italiano. O trabalho consistia em apresentarmos nosso país para o restante da turma. Foi tudo tranqüilo, e com muito prazer falei do meu Estado. Já, nessa semana, entreguei com meu grupo de projeto, a primeira parte do trabalho. Está tudo caminhando bem. E quase me esqueci de comentar, já comecei a falar italiano. Risos. Pouco, bem pouco, mas consigo me virar sozinho já.
Bom, pegando esses três meses que já se passaram, eu sou obrigado a fazer uma análise sobre minha pessoa, sobre o que eu modifiquei, sobre o que aprendi, entre outras coisas. Acreditem, continuo igual. Porém, mais maduro, eu acho. Estou feliz por perder horas pensando em como vou fazer para crescer profissionalmente quando voltar, ou como será morar em um apartamento com meu dálmata. Sim, eu quero e vou morar em um apartamento com meu dálmata. Ele vai curtir, certamente. Por falar no Baltazar, tenho conversado com ele pela web cam, e ele vai muito bem obrigado. Com muita saudade pelo que notei. Risos.
Continuando a análise. Não modifiquei meu jeito de ser, muito menos vou deixar de fazer festas por exemplo, porque estou super maduro e quero saber só de trabalhar e estudar. Fica dica pai e mãe. Risos. Até porque aqui qualquer motivo é motivo pra festa. Continuo feliz, e tive a sorte de encontrar pessoas ótimas aqui, que na mesma busca que eu acabaram encontrando um grupo de amigos muito especial do qual faço parte. Fazemos parte. Agora, dos vários roteiros que eu faria sozinho, ou eles fariam sozinhos, muitos serão todos juntos.
Não posso deixar de comentar que os italianos tem sido muito receptivos com a gente. O meu grupo de projeto é um exemplo. Conhecem os jogadores de futebol, as praias, as cidades, as comidas do Brasil até melhor que eu. Quero ver se motivo eles a irem me visitar, seria legal.
Bom, outra coisa que aprendi foi utilizar meias e cuecas brancas na seqüência, e depois meias e cuecas coloridas. Isso porque facilita na hora de lavar roupa. Aprendi também que quando você finge que não vê as traças no apartamento que você está, você também não encontra furos nas suas roupas. Aprendi que se lavar as camisetas e já deixar no varal secando no próprio cabide, elas já ficam mais fáceis para passar. E que lavar as panelas logo depois de usá-las é muito mais fácil pra remover a sujeira. Vida de Maria. Que nada, vida independente, prática e organizada.
Nesses meses que estou aqui, a maldita saudade tem sido um dos melhores sentimentos que eu tenho sentido. A ansiedade por voltar, como muitos falam que eu tenho, não é porque estou morrendo de saudade, ou porque não estou curtindo aqui como deveria, e sim porque a vontade de dividir todas as vivências e experiências, com meus melhores amigos e familiares é imensa. Pense você também, tem como não aproveitar viajando pra tudo que é canto, conhecendo gente nova a cada dia, fazendo o que gosto, agora também indo à academia, isso tudo somado à aulas e trabalhos?Risos. É, tem gente que não curte. Eu estou achando a melhor experiência da minha vida.
Enfim, esses três meses tem me tornado cada dia mais seguro de mim, do que eu devo ou não falar, de como falar, com quem falar, e assim por diante. Tenho me tornado mais paciente, graças a Deus. E já deixei de lado um pouco a ânsia por ter que deixar tudo sempre limpo e organizado, o que é uma pena, já que não tem quem vença a poeira da Itália. Um minuto de silêncio pra poeira da Itália. Ok. Sério, eu não vim aqui como escravo pra ficar varrendo ou passando pano no apartamento 24 horas por dia. A gente limpa a casa, e no dia seguinte, sem explicação, ela está suja de novo. Eu digo ok. Risos.
Nisso tudo também, pequenas coisas no Brasil passaram a ter muito mais valor agora. Como ficar em casa olhando televisão na sala, e meus pais lá no quarto deles. Tudo bem que eles estão lá e eu na sala. O que importa realmente é ter eles por perto.
É muito importante pra mim agora também ir no cinema. Quem me conhece sabe que eu gosto só um pouco de cinema, e todo ritual que se fazia de parar na fila, ficar conversando na fila, comprar os tickets, o refrigerante, a pipoca, parar em mais uma fila pra entrar na sala do cinema, ficar conversando, entrar, sentar, trocar de lugar, sentar, trocar de novo, sentar, conversar, falar mal de alguém, conversar, falar mal de alguém, olhar os trailers, conversar, marcar o próximo cinema, conversar, olhar o filme e conversar, e comer pipoca, e tomar refrigerante, e claro, conversar. Depois, sair do cinema, comer um xis talvez, dentro do carro, depois largar as caronas em casa, chegar em casa, olhar fantástico, falar no MSN, e assim vai. Que saudade disso. Serão semanas e semanas pra matá-la.
Enfim, valores super valorizados. Crescendo dia após dia. Então após ter feito uma ótima avaliação desses meses aqui, vou me dar um presente. Final de semana em Londres, com direito a festas e ótimos passeios. ANSIEDADE. Começo agora a viajar novamente, e praticamente todos meus finais de semana até minha chegada ao Brasil, serão ocupados por maravilhosos destinos.
É isso aí, saudades imensas de todos, de tudo. Beijos e abraços do felizão aqui!