quinta-feira, 8 de outubro de 2009

E as aulas começam...


Vocês devem estar loucos para saberem como tem sido os primeiros dias de aula. Bem, pra começar bem, nada melhor que em plena 2ª feira sair com os outros alunos estrangeiros para beber. Todos muito legais. Mentira, tem algumas pessoas estranhas, que já nem sei por onde andam. Risos. Mas no geral, são todos legais. Fiquei impressionado com as tchecas, que transmitem uma alegria quase que brasileira, eu disse quase. Os chilenos, colombianos, peruanos, são bem parecidos com a gente também. Mas a maioria, feio. O que importa que todos nos damos bem, e que todos estão empolgados, angustiados, nervosos, felizes, enfim, em uma mistura de sentimentos vivenciando essa nova experiência.
Falando nisso, é difícil para mim aceitar certas coisas, e tomar certas decisões. Ainda mais quando se diz respeito a mim mesmo. Sou um cara difícil, decidido, e cobro muito de mim e de todos. Pode não parecer, mas cobro muito mais de mim do que dos outros.
Essa semana foi uma semana diferente das outras. Foi boa, mas diferente. Começaram as aulas, e o que era pra ter sido extraordinário, para mim foi um pouco frustrante. Agora já estou mais tranqüilo, pois precisou da companhia de outros colegas estrangeiros, para eu ver que eu não era o único a me sentir assim. Ontem, consegui inclusive curtir a aula de restauração arquitetônica.
Conversando com quem já passou por isso, me certifiquei de que esses sentimentos são normais. Ainda mais no meu caso, quando ainda estou aprendendo o idioma.
Também conversei com os professores, e eles se demonstraram realmente preocupados com os alunos estrangeiros, até porque não é a primeira vez que estes vêem para a universidade. Assim sendo, na matéria de 2ª e 3ª feira pela manhã, (Laboratório de construção), eles nos distribuirão por grupos de italianos, onde poderemos participar de melhor forma e não prejudicar nosso crescimento e resultado. Na matéria de 3ª feira a tarde e 4ª feira, (Restauração arquitetônica), a professora foi super legal conosco, e disse que entende todas angustias que passamos ou iremos passar, e que não é para nos preocuparmos com certas coisas, pois eles irão nos ajudar. Ou seja, estou me sentindo muito melhor, basta se dedicar para o curso agora.
Quando comecei a escrever, que falei que pra mim era difícil aceitar certas coisas, me referia ao dia de hoje. Pois então, como alguns sabem, hoje eu comecei meu estágio. E uma mistura de sensações tomou conta do meu corpo como nunca, e eu me senti o cara mais fraco de Novo Hamburgo, em Mantova. Risos. E se existe um sentimento que as pessoas não gostam de ter, é a insegurança. E eu então, ainda mais. Detesto “achar” que vai dar certo, tenho pavor de não acreditar no meu potencial. Pra mim é isso e ponto, não tem como dar errado, eu vou conseguir, é óbvio. Porém infelizmente hoje foi diferente. Fiquei vulnerável ao sentimento e a mim mesmo.
Parei, pensei, refleti. O que vim fazer aqui? Estudar. Porque me sinto mal? Porque não domino o idioma, estou inseguro quanto aos meus deveres como profissional, e com medo de deixar a desejar. E porque querer fazer o estágio então? Porque foi algo que já vim esquematizando na cabeça, desde o inicio da viagem, e desistir seria perder. E qual o problema de perder? Todos, eu não aceito perder.
Sim, me fiz todas essas e muito mais perguntas. Eu sei que no final eu conseguiria. Mas meu emocional não suportaria. Já é difícil por uma série de coisas e pelo próprio fato de estar aqui “sozinho”.
Imagine-se você, em um lugar diferente, idioma diferente, que você não domina fluentemente, tendo que estudar, e ainda desejando trabalhar. Ter a preocupação de ser aprovado nas matérias, fazer bem feito para poder dividir tudo com amigos e colegas na volta, e ainda ser um bom exemplo. Bom, querer fazer um estágio nessa altura, iria me complicar muito. No primeiro dia já foi essa cobrança, essas perguntas, imagine como seria daqui pra frente. Será que terei tempo para estudar, fazer os trabalhos, e atingir a nota desejável? Provavelmente, mas neste momento o que eu menos quero é estudar pensando se vou conseguir fazer tudo, e se vou conseguir cumprir meu papel de professional como esperado. O que eu quero, é segurança, é saber que vou fazer bem feito, é saber que se eu precisar de tempo, terei.
Infelizmente não posso seguir o ritmo que levo no Brasil. Tenho que recuar. E isso me dói muito. Quase que não admito e me obrigo a passar os próximos meses frustrado e angustiado pensando se vou dar conta de tudo. Ao mesmo tempo, correria o risco de estar aqui por estar, e não vivenciar como deveria.
Vale perguntar, qual foi o meu principal objetivo de ter vindo aqui? Estudar. Eu sei que todos vocês sabem disso, mas eu preciso ficar falando várias e várias vezes pra mim, pra parar de me cobrar. Pois inventei de colocar o estágio na cabeça e agora não consigo tirá-lo de lá. Se fossem 2 meses atrás, eu inventaria qualquer desculpa e não assumiria tal fraqueza. As vezes é preciso recuar. E hoje eu fiz isso.
É uma pena, mas não sabemos o que o futuro nos reserva. Sei que apenas vindo pra cá estudar, muitas portas se abrirão. Penso o quanto seria bom estar em um escritório, mas pra isso eu precisaria estar mais preparado, e de momento me sinto capaz apenas para estudar. Muita experiência vou ganhar, e pra isso preciso aproveitar. Quero realmente fazer bem feito, então, cabeça tranqüila, sem estresse, sem angustia.
Quem diria, estou aprendendo a falar comigo mesmo, e trabalhar meus anseios. Risos. Agora se fiz certo ou não, só saberei daqui pra frente.

Beijos e Abraços

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