terça-feira, 27 de outubro de 2009

Final de semana no Vale d'Aosta

Mais dias vão passando, mais coisas vou aprendendo, mais experiências vivendo, e muito mais coisas vou escrevendo. Incrível como em certos momentos nos sentimentos tão pequenos, tão medíocres e egoístas em relação ao mundo. Isso eu falo baseado no final de semana espetacular que vivenciei neste último.
Pois é, organizei com mais três amigas, brasileiras, (Belly, Tati e Leti – Muito queridas. Do Espírito Santo, que tem nos presentedo com suas ótimas companhias nas rodas de chimarrão que fazemos aqui), uma viagem de carro para o noroeste da Itália. Em direção ao “Mont Blanc”. Sabe né? Canetas Mont Blanc, coisa e tal. Pois é. Então, um final de semana que iria superar minhas expectativas começou. Traçamos um roteiro passando por Turim, Aosta, Arpy, e outras cidadezinhas na própria região do Vale d’Aosta.
Realmente foi perfeito. Primeiro que desde o Brasil eu não dirigia, e que saudade de dirigir. Foram 900 kilometros ida e volta. Deu pra matá-la. Sem dizer que nas estradas daqui andamos a uma velocidade média de 160km/h, e sim, o carro agüenta. É muito interessante também a questão dos pedágios. Você sai da sua cidade, entra na auto-estrada, retira um ticket, como se estivesse entrando num estacionamento. E aí, te joga na estrada, corre, mas corre mesmo, por que afinal antes de entrar na cidade de destino você pagará o pedágio, e acreditem, é por tempo que você fica nela. Bom, isso é o que me falaram, se é verdade ou não, é outra história, o que importa é que eu corri com muito prazer. Risos.
Nessa história toda, ainda dei uma rateada. A primeira dentre todas do final de semana. Lá adiante você enxergava o pedágio, ok. Em cima de um dos guichês dizia “telepass”, e nos outros todos dizia alguma coisa que agora não lembro, afinal não foi o que me marcou. Bom, adivinhem em qual o Lucas foi. TELEPASS. Que é a mesma coisa que aí no Brasil, você passa direto, desde que você tenha o cartão e pague por isso. E lá ficamos nós tentando entender o que estava acontecendo que eu não conseguia passar. O melhor ainda foi ver eu dando ré, e os carros abrindo caminho pra passarmos, depois de descobrir que fomos no único guichê que não podíamos ir. Vale lembrar também como foi engraçado pra abastecer o carro. Que mania louca de “self service” que esses europeus têm. Desculpa por não ter feito um curso preparatório antes de vir pra cá de “como se auto servir em qualquer coisa que você queira fazer da sua vida”, “apresentação prática em slides de power point, mostrando como você abastece, compra um ticket de metrô, compra seu jornal, sua revista, pega seu carrinho de compras no super mercado, paga seu pedágio se por acaso não prestar atenção e cair no guichê self service, e isso tudo sempre podendo dar dinheiro a mais e recebendo seu troco da maquininha mais inteligente que você.” O fato é que nos quebramos pra descobrir como abastecia, e o que importa é que conseguimos.
Depois disso, de uma viagem super animada, com paisagens magníficas, chegamos a Turim. A cidade que todos esperávamos mais. Ou menos. Depende do ponto de vista. Esperávamos mais beleza, e menos estresse, menos pobreza, menos vuco vuco, menos várias coisas. Mas foi bom termos passado por lá pra conhecermos. E lá também revivi cenas do Brasil, como a de um mendigo vindo ao nosso carro pedir esmola na sinaleira. O que fiz? Falei em português, fácil. E lá se foi ele.
A noite, fomos para Aosta, cada vez mais próximos ao Mont Blanc. Monte Bianco, já que estamos do lado italiano. E bá, que cidade linda. Recomendo a visita. É uma cidade pequena, ao lado das montanhas, realmente aconchegante. Ficamos boquiabertos. Isso porquê ainda nem cogitávamos a possibilidade do contato com neve. Eis que de repente na vitrine de um ponto de informações turísticas, já no dia seguinte, vi um banner com uma imagem. Sabe essas imagens de power point que recebemos? Tipo uma dessas. Então entrei, perguntei onde era, e fomos. Dentre curvas, subidas, descidas, no meio de uma paisagem PERFEITA, com árvores amarelas, que não vemos no Brasil, com uma “espuma branca” na estrada, já que aquilo não podia ser neve e sim apenas uma espuma devido àquele sol, àquela temperatura. Então nem paramos o carro pra conferir, e foi só quando chegamos no parque que concluímos que toda aquela “espuma” era gelo. Provavelmente estava lá dias e dias desde a última vez que nevou, afinal nesse final de semana o sol estava de rachar,e todos sabemos que para nevar não pode ter neve. Não precisa ser meteorologista pra saber disso .
Chegando finalmente no parque, nos preparamos para a tal da caminhada de uma hora, como haviam nos falado no centro de informações. E lá fomos, em direção a linda imagem. Risos. Aqui, vale lembrar o que compunha meu traje: camiseta, moletom, casaco grosso, luvas, manta, calça jeans, e tênis ALL STAR. Muito esperto, eu sei. Foi esse tênis que ficou encharcado e deixou meu pé quase congelado, na uma hora de caminhada pra ir e na outra hora pra voltar, meio a gelo. Sim, muito gelo, nem eu acreditava. E no final nem sentia dor ou desconforto, aquela paisagem me deixava a cada segundo mais deslumbrado. Era algo totalmente novo pra mim. Estávamos lá, meio à montanhas, à natureza, à neve. Rindo, conversando, fotografando, pensando na vida, refletindo sobre a vida. E vendo o quanto somos pequenos perante o mundo. Quanta coisa ele tem pra nos oferecer e nos mostrar, e que às vezes somos muito egoístas por pensar pequeno, somente em nós, e no final estar desejando e sonhando muito pouco do que realmente podemos alcançar. Então, e a paisagem? A paisagem era do Lago d’Arpy, no meio dos Alpes cobertos por neve. Sim, chegamos até ele, e pra nossa surpresa, congelado. (Fotos)
Não, não nos decepcionamos e foi acredito eu, até melhor. Quem que tenha vivido somente em um país tropical sem ter nunca saído dele não sonhou em um dia pisar em um lago congelado? Eu sonhei. Tudo bem que não realizei o sonho porque faltou coragem. Mas o lago congelado eu vi, e não foi qualquer um. Risos.
Depois desse show da natureza, fomos mais perto ainda do Monte Bianco. Saímos de Arpy em direção à França. Quase na França dá pra se dizer, já que seguimos a direção errada e acabamos em outro pedágio. Esse um pouco diferente, com entrada pra França. Sorte que eu falei que queria ir no Monte Bianco. Sorte que o cara do pedágio falava inglês. E sorte que mais uma vez os carros abriram espaço pra eu dar ré. Risos.
Então voltamos, andamos uns 2km, e fomos na direção certa. Por sorte o erro foi pequeno. Na verdade a sorte foi ter surgido esse pedágio pra não deixar a gente ir além.
Bom, o Monte Bianco em si está em todas as cidades do Vale d’Aosta. Então se alguém diz ter ido até ele, não significa ter subido nele. Você pode estar a 100 km mas estar nele. É incrível. Quero deixar isso bem claro, pra não diminuir a importância do meu contato com o senhor Monte Bianco. Sim, isso porquê quando chegamos no teleférico para subir, e tinha recém fechado. Que raiva, momento raiva do final de semana. Tudo bem, passou, uma vez que um dia eu hei de voltar lá, escalando. Novo sonho.
Incrível. Após uns dias com muitas saudades dos amigos e de casa, Deus me brindou com um dos melhores finais de semana da minha vida. Foi uma experiência muito esperada. Foi demais. A saudade continuou, mas esse presente me deixou muito feliz, assim como tem sido dia após dia. Cada um com uma novidade ou um presente. Em cada um, uma nova amizade, algumas muitas outras risadas. Sempre muito bom.

Beijos e Abraços
Saudades

Um comentário:

  1. Cara, adoro ler tuas experiências e a forma com que tu expressa tudo isso. Um abraço

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